O COMPETE2020 e as empresas que inspiram a Europa

 

O London Stock Exchange Group lançou recentemente um relatório onde estão expostas as 1000 empresas que inspiram a Europa, pelo seu crescimento e potencial.

E neste conjunto de empresas são 10 as empresas nacionais que merecem destaque e 70 % dessas empresas viram projetos de inovação apoiados por Fundos da União Europeia.

Inovar é fundamental permitindo que as empresas possam aceder a novos mercados, aumentem as suas receitas, realizem novas parcerias, adquiram novos conhecimentos e aumentem o valor das suas marcas

A inovação tem a capacidade de agregar valor aos produtos de uma empresa, diferenciando-a, ainda que momentaneamente, no ambiente competitivo. Ela é ainda mais importante em mercados com alto nível de competição e cujos produtos são praticamente equivalentes. Aqueles que inovam neste contexto, seja de forma incremental ou radical, de produto, processo ou modelo de negócio, ficam em posição de vantagem em relação aos demais.

Neste último aspeto, o CEO da London Stock Exchange, Nikhil Rathi, referiu que as organizações presentes neste relatório detêm quase 10 mil patentes e marcas registadas, o que, frisou, significa que os empregos criados exigem mais competências, o que, por consequência, se traduz em salários mais avultados.

A consolidação do crescimento económico e da criação de emprego constituem os desafios mais relevantes da economia portuguesa e dependem, essencialmente, do reforço da competitividade e inovação das empresas nacionais. A dimensão tecnológica é parte integrante duma matriz de desenvolvimento nacional dado que o futuro de uma indústria terá de ser sustentado pelo desenvolvimento constante do conhecimento e em tecnologia, e inteiramente virada para o mercado global. O futuro das empresas dinâmicas depende da aposta na tecnologia, seja ao nível a conceção de ideias novas de serviços e produtos e da operacionalização de centros modernos rentáveis de produção, seja sobretudo ao nível da construção e participação ativa em redes internacionais de comercialização e transação de produtos e serviço

O atual contexto é de concorrência acrescida, o que faz aumentar a pressão, quer para a compressão dos custos quer para o aumento da qualidade e da inovação em novos produtos. Face à tendência para a contração da população ativa, esforços adicionais devem ser desenvolvidos para aumentar as qualificações da força de trabalho, de forma a preencher a nova procura no mercado de trabalho, resultante quer da substituição da força de trabalho, quer do aumento da procura líquida de trabalho promovido pelo desejável crescimento de empresas inovadoras.

O crescimento médio das empresas que constam do relatório foi de 24% a cada três anos. As que estão presentes no “top 100” apresentam um crescimento de 102% no mesmo período. Não é, por isso, uma surpresa que, a cada dois anos, estas empresas aumentem os postos de trabalho em 37%.

E acreditamos que os sistemas de incentivos às empresas são alavancas cruciais deste processo : é preciso olhar para o mercado e aceitar o desafio . E aumentar o número de empresas nacionais que inspiram a Europa. 

Esta edição vamos apresentar-lhe 4 projetos de 4 empresas que pode encontrar no relatório de 2018 do London Stock Exchange Group:

 

  •  Projeto ECO4COFFEE: Pela criação de embalagens mais ecológicas sem comprometer a qualidade e vida útil do café torrado moído

Um projeto da Delta Cafés, uma empresa do Grupo Nabeiro , nasceu em Campo Maior, em 1961, pela mão de Rui Nabeiro. Posteriormente, o crescimento da empresa, e o desenvolvimento observado no sector do café em Portugal, levou à separação entre as atividades produtivas e de carácter comercial da empresa, tendo sido criada a Manuel Rui Azinhais Nabeiro Lda. para assegurar a atividade comercial e a Novadelta, S.A. para executar a atividade industrial.A investigação e a inovação sempre se assumiram como compromissos intrínsecos à cultura organizacional da Novadelta, uma vez que constituem áreas de competitividade críticas do negócio. Nesse contexto, a Empresa tem vindo a apostar continuamente tanto em projetos de I&D, como de Inovação Produtiva, com impacto ao longo de todo o seu processo produtivo e ciclo de vida dos seus produtos, tendo os mesmos originado ao longo do tempo a criação e melhoria de novos produtos e processos.O projeto Eco4Coffee surge com o objetivo de criar embalagens de café pró-ambiente, empregando, para esta produção, a utilização de materiais biodegradáveis e resíduos valorizados. As soluções propostas passam pela produção de novos materiais compósitos biodegradáveis, reforçados com fibras naturais de origem vegetal. Mais concretamente, pretende-se introduzir a cascarilha do café, o resíduo proveniente do processamento agroindustrial dos grãos de café, em quantidade substancial nas embalagens. Por um lado, valoriza-se um resíduo do café e, por outro, reduz-se a pegada ambiental do produto final, assim como, muito provavelmente, os seus custos de produção.

 

 

  •  Projeto NanoCleanLeather

Fundada em 1986, com origem no Grupo Carvalhos, que remonta a 1939, a empresa de curtumes Couro Azul começou a exportar quando optou por acompanhar a deslocalização de multinacionais do calçado. Hoje fornece couro para grandes marcas de automóveis e está a estrear-se nos sectores aeronáutico e ferroviário. A Couro Azul, no âmbito do projeto NanoCleanLeather, desenvolveu pele natural com propriedades de limpeza melhorada - anti-soiling ou self-cleaning – destinada ao interior automóvel, ferroviário e aeronáutico. Desta forma é assegurada uma higienização superior e a consequente minimização dos procedimentos e materiais de limpeza gastos no processo, o que permitiu induzir uma diminuição do impacto ambiental e económico gerado. Em a Couro Azul foi considerada a empresa com o melhor crescimento na indústria nacional, tendo ocupado a 6ª posição na criação de emprego, de acordo com o ranking publicado pela publicação portuguesa “Money Alive” (Star Company – The Ranking of as 1000 Maiores Empresas – IGNIOS) e desde 2016 é considerada uma das empresas mais inspiradoras da Europa.

 

  • Projeto "Estratégia Polopique 2017: High Performance Yarns / High Standard Yarns"

O Grupo Polopique é uma referência mundial no setor têxtil presente em mais de 40 países. Empresa líder na indústria têxtil de vestuário, que se distingue pela sua inovação e verticalidade, sendo capaz de dominar todas as fases do processo produtivo têxtil, desde a fiação, passando pela tecelagem e ultimação, até à confeção e comercialização de produtos de alta qualidade. A Polopique pretende produzir fios têxteis de maior valor acrescentado para a fabricação de tecidos a fim de penetrar em segmentos com públicos-alvo específicos, ainda não explorados pela Empresa, como é o caso do segmento dos têxteis funcionais e do segmento clássico ou de gama alta em camisaria. O atual projeto de investimento envolve a instalação pioneira na nova unidade de fiação da Polopique de equipamentos de ponta para a produção de fio. 

 

 

  • Projeto CHROMIUM LIKE

A SIMOLDES Plásticos, SA é uma empresa do Grupo SIMOLDES, com sede em Oliveira de Azeméis. O Grupo SIMOLDES teve o seu início em 1959 com a constituição da SIMOLDES Aços, empresa dedicada à fabricação de moldes de injeção para a indústria de plásticos. Atualmente, o Grupo SIMOLDES é o maior fabricante europeu de moldes de aço e um dos maiores produtores de peças plásticas para o setor automóvel, possuindo 17 empresas e 5 centros avançados de serviço ao cliente, com unidades fabris em Portugal, Brasil, França, Espanha, Polónia, Argentina e República Checa. O projeto CHROMIUM LIKE visa o desenvolvimento de soluções inovadoras que permitam, sem utilização de crómio, produzir componentes plásticos para o interior automóvel, com efeito cromado para um visual estético mais apelativo e com performance melhorada na sensação ao toque, produzindo uma perceção de toque metálico (toque frio). As ações do projeto resultarão no desenvolvimento de produtos inovadores, o que permitirá intensificar a presença da empresa e do país em cadeias globais de fornecimento das indústrias automóvel, mostrando que a aposta no I&D e em parcerias de empresas do ramo com entidades do sistema de I&I traz mais-valias significativas não só para a diferenciação das indústrias diretamente envolvidas, mas também para o desenvolvimento do País.

 

02/11/2018 , Por Paula Ascenção