Temos o intuito de “aumentar o número de empresas spin off originadas no seio das atividades de investigação”



 

Como é que correu o seu primeiro ano na vice-presidência do Instituto Politécnico de Leiria?

O que a deixa mais orgulhosa?

O que mais a surpreendeu?

Embora não tenha feito ainda um ano desde a tomada de posse, a minha perceção é que tem estado a correr bem, havendo sempre, naturalmente, a sensação que há muito mais por fazer do que aquilo que já está feito! A prudência e o meu modo de ser levam-me a não considerar, ainda, que exista um facto que, por si só, me orgulhe particularmente. Todavia, considero-me satisfeita por ter conseguido dar alguns primeiros passos no sentido de potenciar a valorização e a partilha de conhecimento com a sociedade, que é o mote de toda a minha atuação na Presidência do Politécnico de Leiria. Posso referir, como exemplo, os esforços que estamos a realizar no sentido de divulgar e, como consequência, transferir para as empresas a tecnologia gerada internamente e protegida em termos de propriedade industrial, ou as ações desenvolvidas com o intuito de aumentar o número de empresas spin off originadas no seio das atividades de investigação do Politécnico de Leiria.

 

Como surgiu e o que tem de especial para si o projeto Care4Value: Potenciar a criação de valor em unidades de cuidados continuados integrados de saúde geridas por IPSS, cofinanciado pelo COMPETE 2020?

 
O projeto Care4Value surgiu precisamente desta nossa proximidade com a comunidade externa, neste caso em particular, com o Hospital gerido pela Santa Casa da Misericórdia da Batalha. Fomos abordados inicialmente no sentido de apoiarmos a instituição a calcular, de modo analítico, os custos com a prestação de cuidados continuados em doentes com diferentes níveis de complexidade. Tendo essa preocupação como ponto de partida, iniciámos um diálogo com a instituição que resultou na perceção de que, mais do que apurar somente os custos, faria sentido procurar apurar o valor criado, através da comparação entre os custos e os resultados em saúde para cada tipologia de utente. Nessa mesma altura surgiu a oportunidade de submeter um projeto de investigação aplicada, onde considerámos que a nossa ideia de trabalho encaixava totalmente. Até ao momento, o projeto tem representado um desafio interessantíssimo, não apenas por responder a uma necessidade concreta da instituição parceira, mas também pela oportunidade que nos conferiu de trabalharmos numa equipa multidisciplinar, envolvendo colegas da área da Saúde, da Gestão, da Economia e das Tecnologias de Informação. A cooperação interinstitucional (entre as 3 IES parceiras e a SCMB) tem sido também um fator muito positivo. Finalmente, tem sido possível envolver estudantes no desenvolvimento das várias atividades do projeto, o que também não é muito vulgar em projetos de investigação “tradicionais”. Entendo que esse envolvimento proporciona não apenas uma oportunidade de aprendizagem interessante para os estudantes, mas também uma ocasião profícua para conhecermos melhor a capacidade de trabalho dos nossos estudantes, que se tem revelado acima das expectativas. 
 
A sua experiência com os Fundos da União Europeia … fizeram a diferença? 
 
Creio que sim, a dois níveis. Por um lado, na fase da elaboração da candidatura, foi importante poder contar com a experiência acumulada anteriormente, mesmo que para tipologias de projeto diferentes. Por outro lado, as participações anteriores em projetos que implicaram interação com entidades da comunidade externa foram decisivas para a abordagem a esta entidade parceira, sobretudo no que se refere à capacidade de “falar a mesma linguagem”, não direcionada apenas ao público académico.
 
Se tivesse de eleger o momento mais emocionante no seu trajeto profissional, qual seria?
 
Neste momento, sem dúvida que elejo o momento do início de funções como Vice-Presidente. Representou para mim um voto de confiança e de reconhecimento significativo, mas sobretudo um elevar da fasquia em termos de responsabilidade que teve (e tem) bastante impacto na minha atitude perante o trabalho.
 
E qual foi o obstáculo mais interessante de superar?
 
Quando revejo o meu percurso profissional nos últimos 20 anos, que corresponde sensivelmente ao meu percurso no Politécnico de Leiria, o que considero mais interessante é o facto de ter conseguido conciliar a atividade letiva com uma atividade que foi sempre muito estimulante para mim de investigação aplicada, em estreita interação com a comunidade externa. Progressivamente, e em resultado da colaboração com outros colegas do Politécnico de Leiria, tive a oportunidade de alargar a área de investigação específica que tinha privilegiado na formação académica (em concreto, no mestrado e doutoramento), e fazer pontes com outras áreas disciplinares, através de projetos aplicados. 
 
E Gerir o tempo? Qual o segredo?
 
De facto, não é fácil, mas diria que procuro pautar-me pelos seguintes aspetos:
1º) Foco no que é realmente importante; 2º) Suporte incondicional da família; 3º) Planeamento; 4º) Motivação da equipa que trabalha comigo.
 
 
Breve súmula curricular 
 
Ana Lúcia Marto Sargento nasceu a 5 de novembro de 1976 em Mira, Portugal. É casada e mãe de duas filhas.
Licenciou-se em Economia em 1998 e concluiu o Mestrado em Economia Aplicada, em 2002, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Em 2009, obteve o grau de Doutoramento em Economia, especialidade em planeamento e desenvolvimento regional, outorgado também pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Entre 1998 e 2018 exerceu funções docentes no Politécnico de Leiria, lecionando diversas unidades curriculares da área da Economia na Escola Superior de Tecnologia e Gestão e, mais recentemente, também na Escola Superior de Saúde. Tem colaborado em vários projetos de investigação aplicada e serviços à comunidade, sendo autora de diversos artigos científicos, livros e capítulos de livro. As suas áreas científicas de interesse são: modelos e análise de input-output; economia e desenvolvimento regional; modelos de decisão colaborativa; economia e gestão da saúde. Coordena o Centro de Investigação Aplicada em Gestão e Economia, unidade de investigação do Politécnico de Leiria. Desde maio de 2018 assume funções como vice-presidente do Politécnico de Leiria, com competências centradas ao nível da partilha e valorização de conhecimento.
(https://orcid.org/0000-0001-5716-1890)

 

 

06/03/2019 , Por Cátia Silva Pinto
Portugal 2020
COMPETE 2020
União Europeia