Sáude e Bem-Estar em Portugal , um ecossistema inovador

Pensar o setor Saúde e Bem-estar  e a relevância económica deste exige que se faça o enquadramento devido na Estratégia Nacional de Especialização Inteligente, a qual constituiu condição prévia (a chamada «condicionalidade ex ante») do Acordo de Parceria 2014-2020.

A especialização inteligente é uma abordagem estratégica ao desenvolvimento económico, através do apoio focalizado à investigação e inovação. Este conceito assenta no princípio de que a concentração de recursos do conhecimento e a sua ligação a um número limitado de atividades económicas prioritárias permitirá aos países e às regiões serem, e manterem-se, competitivas na economia global.

As estratégias de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente são “agendas de transformação económica integradas de base local, que partem da identificação das características e ativos específicos de cada região para, através de um processo participado por todas as partes interessadas, estabelecerem uma visão de futuro sustentável para o território”. São, parte essencial da reforma da Política de Coesão da União Europeia, assentando  no reforço da programação estratégica, na concentração temática e na orientação do desempenho em função de resultados.

O setor Saúde é considerado estratégico para todo o território nacional e é parte integrante de um dos 6 desafios societais que a Comissão Europeia identificou no Horizonte2020.

A Saúde interliga-se com os domínios de Bem-estar e Território,nomeadamente com o Turismo e o Habitat. Também está articulada com as Tecnologias Transversais: TIC, Materiais e Matérias-primas; com a Indústria de Produto: Indústria Metalurgia,Indústria Moldes; e com os Recursos Naturais e Ambiente, designadamente o setor Agroalimentar.

A Saúde é um setor proeminente e em rápido desenvolvimento em Portugal, tendo registado uma evolução notável ao longo das últimas duas décadas.

Portugal tem uma série de valências que, no seu conjunto, representam vantagens e devem ser usadas para alcançar os objetivos propostos para o setor Saúde, nomeadamente: capacidade adaptativa; capacidade de resposta ao nível das tecnologias de informação; infraestruturas de qualidade ligadas à mobilidade e turismo, bem como preços competitivos quando comparados com a maioria dos países europeus.

Por outro lado, o sistema de saúde público tem reconhecida qualidade e prestadores de cuidados com facilidade na adoção de novas tecnologias e abertos à inovação como um meio para um melhor desempenho dos seus serviços.

De acordo com informação da FCT, o setor da saúde tem tido um crescimento significativo da capacidade I&I : as Ciências Médicas e da Saúde são a área científica líder em número de publicações e com o maior registo de patentes em áreas ligadas à inovação na saúde (FCT, 2013). A presença de instituições e de cientistas de renome mundial nacionais, em áreas como as neurociências, o cancro, a imunologia, a medicina regenerativa e a nanomedicina revela a o vigor da investigação. 

Em paralelo com a investigação, a indústria portuguesa das áreas da farmacêutica e dos dispositivos médicos tem crescido acima da média nacional nos últimos anos, registando um aumento acentuado nas exportações para países como EUA, Alemanha, Reino Unido, Angola, Espanha e França. Em 2015, o valor das exportações portuguesas de bens de saúde foi de 1.216 milhões de euros, representando um crescimento de 94% comparativamente a 2008. Este valor inclui a exportação de produtos farmacêuticos de base (104 milhões), de preparações farmacêuticas (840 milhões), de equipamentos de radiação, eletromedicina e eletroterapêutico (12 milhões), e de instrumentos e material médico-cirúrgico (260 milhões), não incluindo as vendas de empresas portuguesas sedeadas no estrangeiro, as soluções de e-health e os serviços. (Health Cluster Portugal).

A oferta portuguesa na área dos cuidados de saúde destaca-se também pela sua competitividade de custos em diversos segmentos de mercado. Se consideradas em conjunto com fatores como a localização geográfica do país, o seu clima, a sua oferta turística, cultural e de lazer, e a hospitalidade das pessoas, Portugal pode tornar-se um destino de eleição para os todos os que procuram cuidados de saúde de elevada qualidade.

 

Nesta edição da Newsletter vamos apresentar-lhe 4 projetos inseridos no setor da saúde e que através de diferentes instrumentos de apoio apresentam respostas ao desafios fundamentais para este setor : aumentar o saúde e o bem estar da população potenciando as oportunidades geradas pelos mercados.

 

  • MT PORTUGAL: Medical Tourism in Portugal - Health, Wellness and Tourism in Portugal 

Um projeto de internacionalização no domínio do Turismo de Saúde, focado no Turismo Médico, promovido pelo Health Cluster Portugal - Associação do Pólo de Competitividade da Saúde. Tem por objetivo afirmar Portugal como um destino de turismo médico de alta qualidade clínica e tecnológica, integrando unidades hospitalares e hoteleiras de excelência que garantem cuidados médicos do melhor nível e oportunidades de convalescença e recuperação num ambiente particularmente atraente e acolhedor.

 

  • FallSensing: projeto tecnológico português reduz risco de queda nos idosos

 Projeto em consórcio liderado pela empresa Sensing Future Technologies, e que integra o centro de investigação Fraunhofer AICOS, e a ESTeSC Coimbra Health School, que envolve a criação de uma solução tecnológica capaz de avaliar o risco de queda dos seniores e estabelecer um plano personalizado de exercícios de prevenção. O sistema, que inclui funcionalidades que permitem uma intercomunicação regular dos seniores com os profissionais de saúde e de um módulo de recomendação automática de planos personalizados de exercícios para prevenção de quedas , será aplicado no terreno, a partir de janeiro de 2017.

 

  • SOCIAL: Social Cooperation for Integrated Assisted Living

​Este projeto desenvolvido por um consórcio de empresas do sector das TIC, liderado pela Kentra Technologies e com a participação da Digital Wind e da Micro I/O, integrando também o know-how científico e tecnológico do Instituto Pedro Nunes e da Universidade de Aveiro. O projeto toma, como ponto de partida, o problema e os desafios que o envelhecimento da população, a inversão da pirâmide etária e o consequente aumento do consumo de recursos no grupo etário acima dos 65 anos colocam nas sociedades atuais, em particular o impacto na oferta de cuidados de saúde e de âmbito social.

 

  • Rose4pack: embalagem biodegradável inovadora com extrato de alecrim com propriedades antioxidantes

Este projeto, promovido por cinco instituições científicas , resultou no desenvolvimento de embalagens ativas com capacidades antioxidantes devido à incorporação de compostos fenólicos. Assim evitam a oxidação lipídica, aumentando o prazo de validade dos alimentos embalados. Como consequência as novas embalagens contribuem para a proteção da saúde dos consumidores porque permitem a ingestão de alimentos mais seguros durante mais tempo. Adicionalmente as novas embalagens podem permitir que sejam adicionados aos alimentos menores quantidades de conservantes ou mesmo que estes sejam isentos dos mesmos.

 

 

31/10/2016 , Por Paula Ascenção
Portugal 2020
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