ValorBio: A inovação ao dispor da agricultura

Henrique Pinho, Diretor do Centro de Investigação em Cidades Inteligentes (Ci2) do Instituto Politécnico de Tomar faz um ponto de situação do projeto ValorBio, cofinanciado pelo COMPETE 2020 que visou o tratamento de águas residuais através de Zonas Húmidas Construídas. Os resultados demonstraram a potencialidade de uma solução baseada na natureza para tratamento sustentável de águas residuais, contribuindo para a economia circular de resíduos sólidos e a recuperação da água tratada. 
 
 
1. Testemunho | Henrique Pinho
Professor Adjunto da Unidade Departamental de Engenharias do Instituto Politécnico de Tomar e Diretor do Centro de Investigação em Cidades Inteligentes (Ci2) 
 
Henrique Pinho
- Diretor do Ci2 | Instituto Politécnico de Tomar 
 
O projeto VALORBIO, liderado por uma equipa de investigação do Laboratório de Bioenergia e Biotecnologia Aplicada do Instituto Politécnico de Tomar (BIOTEC.IPT), contou como copromotores o Instituto Politécnico de Coimbra, através do Instituto de Investigação Aplicada (i2A), o Instituto Politécnico de Portalegre, através da Coordenação Interdisciplinar Investigação Inovação (C3i) e a empresa Palser – Bioenergia e Paletes, Lda., com sede na Sertã.
 
O projeto foi desenvolvido durante 18 meses, entre julho de 2017 e janeiro de 2019 com apoio do COMPETE 2020 e visou o tratamento de águas residuais através de Zonas Húmidas Construídas (ZHCs), que consistem em sistemas biológicos baseados em plantas, também designados por fito-ETARs (Estações de Tratamento de Águas Residuais) ou Leitos de Macrófitas, plantas aquáticas que se desenvolvem em meios alagados.
 
 
> Objetivos
 
Os principais objetivos propostos foram integralmente cumpridos e consistiram em: 
 
(1) Conceber um sistema de ZHCs modulares, baseado em componentes de madeira de modo a aumentar a sustentabilidade das ZHCs, diminuir o seu impacte nos Ecossistemas e permitir valorizar as estruturas quando atingirem o seu fim de vida.
 
(2) Testar, como enchimento das ZHCs modulares, materiais residuais e subprodutos gerados na região, como por exemplo fragmentos de rochas e outros materiais usados na construção civil, escórias geradas na queima de carvão nas centrais termoelétricas, desperdícios das atividades das fileiras florestal, agropecuária e agroalimentar, entre outros.
 
(3) Avaliar a qualidade da água após tratamento pelas ZHCs, e definir as condições em que pode ser reaproveitada ou valorizada, por exemplo para rega, para lavagem de pavimentos, ou para produção de algas, permitindo reduzir os consumos de água potável e proteger os recursos hídricos.
 
(4) Avaliar a potencialidade e as condições de valorização da biomassa vegetal produzida nas ZHCs (resultante das podas regulares das partes emergentes das macrófitas), designadamente como fonte de energia renovável.
 
Os trabalhos de investigação aplicada foram desenvolvidos desde a escala laboratorial até à construção de um protótipo totalmente funcional (na fotografia), que ainda está em operação na data atual.
 
> Resultados
 
Os resultados obtidos permitiram demonstrar a potencialidade de uma solução baseada na natureza para tratamento sustentável de águas residuais, contribuindo ao mesmo tempo para a economia circular de resíduos sólidos e a recuperação da água tratada. 
 
Do projeto resultaram diversas comunicações técnicas e científicas de âmbito nacional e internacional, incluindo artigos em revistas internacionais, capítulos de livros e comunicações em conferências, um livro e uma patente. Foram também realizadas ações públicas da divulgação dos resultados e de disseminação de boas práticas focadas no desenvolvimento sustentável. 
 
Por fim, o projeto VALORBIO serviu de embrião para um projeto de Prova de Conceito atualmente em implementação com financiamento do CENTRO 2020.
 
 
2. Apoio do COMPETE 2020 
 
O projeto VALORBIO é cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do SAICT - Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica, envolvendo um investimento elegível de cerca de 148 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 125 mil euros.
 
3. Links úteis
 

02/03/2023 , Por Cátia Silva Pinto
Portugal 2020
COMPETE 2020
União Europeia