Entrevista a Paula Silvestre, Diretora da Competitividade e da Formação da AEP

 
A propósito do projeto EcoEconomy 4.0, que visou gerar conhecimento em Economia Circular e Descarbonização/Transição Energética para que as PME adotassem práticas inovadoras e sustentáveis económica e ambientalmente, usando tecnologias digitais da Indústria 4.0, entrevistámos Paula Silvestre, Diretora da Competitividade e da Formação da AEP. 
 
 
1. Entrevista a Paula Silvestre, Diretora da Competitividade e da Formação da AEP
 
Paula Silvestre | Diretora da Competitividade e Formação da AEP
 
1.1 Como nasceu o projeto EcoEconomy 4.0? Quais foram as principais motivações?
 
A AEP – Associação Empresarial de Portugal, procura ser um agente estratégico de contacto, dinamização e apoio, que está disponível para esclarecer as empresas e as procura incentivar a adotar as melhores práticas, sensibilizando-as para quais as mais valias da transição climática e energética. 
 
Para além disso, procuramos ser a base para a criação de sinergias entre as empresas e os vários agentes estratégicos locais, nacionais e internacionais, colocando-os em contacto, dinamizando a partilha de experiências e capacitando-os através das várias atividades que desenvolvemos, sejam os nossos projetos, seja a nossa oferta formativa, sejam os nossos serviços de apoio também já direcionados para a transição climática e energética. Para além disso, procuramos ser ponto ativo de construção das políticas públicas nacionais nesta matéria, intervindo e agregando a vária informação de que dispomos, das empresas associadas, do restante tecido económico e fruto da cooperação com as restantes associações empresariais.
 
O EcoEconomy 4.0 nasceu como um destes veículos de ação, que surgiu face à necessidade de aumentar o conhecimento e a atuação das PME - desde logo as industriais e nas regiões menos desenvolvidas - em novas áreas de competência que constituem fatores críticos de inovação e competitividade sustentável, como a circularidade, a descarbonização / transição energética e as tecnologias da Indústria 4.0 potenciadoras dessas vertentes. 
 
 
1.2 Quais foram os principais desafios com que se depararam no desenvolvimento do projeto?
 
Todos os projetos englobam desafios, especialmente aqueles que, como o EcoEconomy 4.0, se executaram num período de particular diferença, a pandemia de Covid-19, que fez necessário repensar as atividades dos projetos e a forma de contacto com os públicos-alvo. Como alcançaríamos as empresas nessa nova realidade? Qual a disponibilidade das empresas para esses exercícios coletivos, num momento em que a prioridade estava em -subsistir-? Foi exigente, mas, hoje, sabemos a resposta. 
 
O EcoEconomy 4.0 tinha já sido perspetivado com uma importante componente inovadora, as ferramentas de autodiagnóstico disponíveis online, em contínuo, para as empresas. Para além destas, as restantes atividades foram repensadas primeiramente para um regime online e mais tarde para um regime híbrido e o interesse das empresas pela temática foi crescente. A perceção de que o caminho, em especial este novo caminho, depende e tem franca mais-valia e retorno em se fazer de e com práticas mais sustentáveis, colocou e continuará a colocar estes temas cada vez mais na sua agenda estratégica e foco de aprendizagem, inovação e desenvolvimento das empresas. No contexto da competitividade empresarial, é essencial que haja uma preocupação com fatores ambientais e com o crescimento e adoção de novas tecnologias, e, por isso, pensamos que a inovação estará na base da indústria do futuro.
 
Não tão pouco, a análise da atual situação das PME e das suas necessidades em matéria de sustentabilidade ambiental proporcionada pelo projeto, torna também claros outros dos desafios: as PME necessitam de uma atenção , especial em termos de foco das políticas públicas, de instrumentos de apoio customizados, simplificados, desburocratizados (nas condições de acesso ao cofinanciamento, nos critérios de análise das candidaturas -foco no resultado- e na celeridade das aprovações)  e de capacitação, nomeadamente pela via de ações de eficiência empresarial coletiva, dirigidas às PME.
 
 
1.3 O que considera ser o elemento diferenciador no projeto EcoEconomy 4.0? 
 
O tema do projeto, a sua atualidade e premência na agenda pública, das empresas e societal, por si só são um elemento diferenciador. Todavia, este projeto foi mais longe e diferenciou-se ao, para além de promover atividades diversas na área da inteligência estratégica, criar ferramentas de suporte, que permitem o autodiagnóstico das empresas quanto ao seu grau de maturidade relativo à Economia Circular e da Transição Energética, ferramentas estas que são gratuitas e estão disponíveis online (em https://ecoeconomy.aeportugal.pt/), que a todos convidamos a experimentar. 
 
Estas ferramentas ajudam as empresas e os gestores a traçarem os seus roteiros individuais. As duas ferramentas de autodiagnóstico permitem às empresas aferir o seu grau de adoção de práticas de Descarbonização/Transição Energética e de Economia Circular, capitalizar o conhecimento e práticas já existentes, estruturar a informação e criar planos de ação concretos para a sua melhoria contínua nestas temáticas.
 
 
 
1.4 De entre os resultados alcançados, há algum que gostaria de destacar?
 
As associações empresariais, os clusters e os centros tecnológicos têm um papel fundamental nas áreas da Economia Circular e da Descarbonização/Transição Energética uma vez que a maior parte das soluções de Economia Circular e de Descarbonização exigem cooperação e iniciativas coletivas. 
 
O EcoEconomy 4.0 e os seus resultados são um bom exemplo desta colaboração. Este projeto que envolveu, entre abril de 2021 e agosto de 2022, mais de 600 empresas -resultado que destacamos-, contribuiu para ajudar as micro e PME a alcançar uma transição justa e inclusiva e a apurar o grau de maturidade do tecido empresarial nacional nas áreas da Descarbonização / Transição Energética e Economia Circular, apoiando especialmente o universo empresarial mais carente de intervenção no Norte, Centro e Alentejo.  
 
Em suma, é possível verificar que as empresas envolvidas nestes projetos adquiriram uma maior sensibilidade para as temáticas ambientais, o que também se perceciona do conjunto de atividades de apoio e capacitação que desenvolvemos e pelo contacto direto com as empresas.
 
 
 
1.5 Qual tem sido o contributo do COMPETE 2020 para o desenvolvimento deste projeto? 
 
O contributo do COMPETE 2020, como instrumento de cofinanciamento para o desenvolvimento deste projeto, foi crucial. 
 
O COMPETE 2020 ao aprovar este projeto criou condições para a sua concretização com qualidade, possibilitando que as empresas (mais de 600 envolvidas) prosperem ao nível da sustentabilidade, capitalizando o conhecimento e práticas já existentes, estruturando a informação e criando planos de ação concretos para a sua melhoria contínua nestas temáticas.
 
Adicionalmente, o incentivo concedido a este projeto foi um sinal claro às empresas de que este é o caminho certo e de que não estão sozinhas a percorrê-lo; o contributo do COMPETE 2020 tem também passado por aí, ao divulgar e dinamizar o projeto e os seus resultados junto da comunidade em geral.
 
2. Apoio do COMPETE 2020 
 
O EcoEconomy 4.0, promovido pela AEP, foi cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do SIAC - Sistema de Apoio a Ações Coletivas e envolveu um investimento elegível de cerca de 711 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de 604 mil euros. 
 
3. Links úteis 
 
 
 

27/04/2023 , Por Cátia Silva Pinto
Portugal 2020
COMPETE 2020
União Europeia