A entrevista de Teresa Martins da Neadvance, a empresa cuja área de negócio é a visão artificial

 

Teresa Martins, CEO, Cofundadora e Presidente do Conselho de Administração da Neadvance - Machine Vision SA, deixa algumas pistas sobre o seu percurso profissional, encarando um obstáculo “como um catalisador para o crescimento do negócio” e o que considera ser o caminho que a empresa deve trilhar nesta área de desenvolvimento e integração de sistemas de processamento de imagem baseados em visão por computador e inteligência artificial, tendo-se tornado pioneira na exportação a nível europeu destas soluções para a Indústria Automóvel. 

 

Entrevista

 

O que a atraiu para o mundo do desenvolvimento e integração de sistemas de processamento de imagem baseados em visão por computador e inteligência artificial? 
A visão por computador, a inteligência artificial e a análise e desenvolvimento de sistemas foram áreas que me atraíram durante a minha formação académica, quer na licenciatura quer no mestrado. O interesse e gosto pela indústria e pelos seus processos produtivos foi crescendo no decorrer da minha atividade profissional.
O enlevo de participar na conceção, desenvolvimento de um sistema que vai ser integrado numa linha de produção ou vai automatizar uma tarefa complexa e morosa numa empresa de serviços, tem sido algo muito gratificante durante todos estes anos.
 
Uma empresa criada em 2001, a Neadvance é hoje os olhos em vários países. Qual a estratégia para continuar a crescer de forma consolidada?
A nossa estratégia ao longo destes anos foi selecionar os setores que mais necessitam dos nossos produtos, procurar angariar e trabalhar com grandes clientes nacionais e internacionais e apostar na inovação, quer internamente quer desenvolvendo vários projetos de I&D em parceria com as universidades e centros tecnológicos, de modo a estar sempre a par do state of the art das tecnologias de visão por computador e inteligência artificial.
 
Qual foi o momento mais emocionante no seu trajeto profissional?
Ao longo destes quase 20 anos da minha atividade empresarial tive vários momentos que me proporcionaram grande satisfação, mas um dos momentos mais emocionantes foi certamente a nossa primeira venda para uma empresa do setor automóvel, no mercado alemão.
 
E qual foi o obstáculo mais interessante de superar?
Acho a palavra obstáculo pode ser demasiado forte, mas um dos maiores desafios que tive foi ter de competir com empresas de maior dimensão e mais conhecidos do que a Neadvance para ganhar um projeto. Mas, depois, se o desafio era grande, a motivação para partir para o negócio seguinte tornava-se maior ainda. 
Por isso, o obstáculo transforma-se num catalisador para o crescimento do negócio.
 
E Gerir o tempo? Qual o segredo?
Naturalmente que muitas vezes gostaria que o dia tivesse mais horas ou as semanas tivessem mais dias, mas como tal não é possível, o segredo, se assim se pode chamar, é fazer, sempre que possível, escolhas relativamente às atividades a desempenhar e manter o foco durante a sua execução.
Obviamente, que tenho uma lista quase infindável, de coisas que pretendo fazer quando tiver mais tempo.
 
A sua experiência com os Fundos da União Europeia… fizeram a diferença? 
Tal como já referi, estrategicamente, sempre tivemos forte atividade de investigação de novos algoritmos e modelos de inteligência artificial. Por isso, os benefícios dos Fundos da União Europeia, têm sido um apoio basilar para o desenvolvimento profícuo destas atividades e para projetos de I&D que temos vindo a executar.

 

Nota Biográfica 

Licenciada em Engenharia de Sistemas e Informática, em 1991, pela Universidade do Minho e Mestre Informática, pela mesma universidade em 1998, iniciou a sua carreira profissional na área do desenvolvimento de software para equipamentos e sistemas de pesagem industrial.  Entre 1998 e 2001 foi gestora de projetos no departamento de Visão Artificial no IDITE Minho, em Braga, abraçando esta área de negócio desde então.

Em 2001, como cofundadora, cria a empresa ENERMETER – Sistemas de Medição que tinha duas áreas de atuação distintas: Sistemas de Medição e Sistemas de Visão Artificial. Esta última área concebe, desenvolve e instala sistemas automáticos baseados em tecnologias de processamento de imagem e visão artificial, para os mais variados setores industriais do mercado nacional e internacional. Com a finalidade de potenciar a área de negócio da visão artificial, é fundada, em 2017 a Neadvance – Machine Vision como spin-off do departamento de Visão Artificial da Enermeter, sendo cofundadora, CEO e Presidente do Conselho de Administração. Em 2019 é criada a AI4Medimaging, empresa dedicada á investigação e desenvolvimento de soluções de apoio ao diagnóstico clínico, como spin-off da área médica da Neadvance, sendo cofundadora, CEO e Presidente do Conselho de Administração. 

03/03/2020 , Por Cátia Silva Pinto
COMPETE 2020