ADAPTIVE: uma solução para a reabilitação de coberturas planas em edifícios, completamente prefabricada e de desperdício zero

                

 

Nelson Bento Pereira | Diretor científico do Project ADAPTIVE
 
 
 
 
"O panorama da inovação na indústria da construção é marcado pela dependência da abordagem experimental em projetos de desenvolvimento tecnológico, e pela dimensão, complexidade e custo das matérias envolvidas em provetes de ensaio e protótipos à escala real.
 
Estas condicionantes restringem a capacidade inovadora aos grandes grupos económicos, apesar da maior capacidade inovadora residir, como em outros setores, em pequenas equipas altamente qualificadas.
 
O incentivo financeiro do COMPETE 2020 abre a porta da inovação a micro-empresas jovens com recursos altamente qualificados, e ideias genuinamente inovadoras."
 
 

Enquadramento

De acordo com um estudo, no qual são avaliados mais de 40 países, incluindo os da União Europeia a 27, com o objetivo de determinar as emissões de CO2 resultantes dos processos de construção, excluindo as emissões derivadas da ocupação e uso (aquecimento, arrefecimento, etc.), conclui-se que a indústria da construção é responsável por 23% do total de emissões de CO2, sendo que cerca de 94% desse valor representa as emissões indiretas derivadas da produção de produtos e serviços necessários às operações de construção.

Os gastos energéticos dos edifícios durante o seu período de vida útil representam uma porção significativa dos consumos energéticos a nível mundial. O artigo (European Parliment and of Council 2018) indica que 40% da energia final consumida na Europa é para fins de climatização do parque edificado, representando este valor 36 % de todas as emissões da União Europeia. Existem Diretivas Europeias que demonstram a preocupação crescente de tornar o parque edificado mais sustentável. As mesmas Diretivas remetem para a importância de em fase de projeto estudar a viabilidade técnica, ambiental e económica de sistemas alternativos de elevada eficiência, de modo que todos os edifícios novos possuam necessidades quase nulas de energia.

Avaliando especificamente as coberturas estima-se que cerca de 11% das trocas de energia com o exterior ocorrem através da cobertura, sendo que em edificações de um único piso este valor pode subir para os 60%.

O Projeto

O projeto ADAPTIVE consiste no desenvolvimento de um novo sistema avançado de produção para a reabilitação de coberturas de edifícios que possibilite diminuir ou mesmo anular o impacto ambiental acumulado da cadeia produtiva que integra, incrementando substancialmente a produtividade na indústria da construção.

Procura-se uma solução compósita para a reabilitação de coberturas planas em edifícios correntes, completamente prefabricada e de desperdício zero, materializada por polímeros biológicos e por polímeros sintéticos produzidos a partir de resíduos de outras indústrias, com vista ao incremento do comportamento energético, à recolha e armazenamento das águas das chuvas , e ao aproveitamento da área de cobertura como espaço de lazer ajardinado, integrado com equipamentos de produção de energia elétrica.

O sistema a desenvolver no projeto ADAPTIVE pretende ser um marco na evolução da indústria da construção, contribuindo de forma significativa para o incremento da pré-fabricação no setor e consequentemente para o incremento da produtividade e sustentabilidade ambiental, economia e social. Não existe no mercado soluções pré-fabricadas e modulares que visem a realização das camadas de impermeabilização, isolamento térmico e revestimento em coberturas planas, sendo utilizadas as mesmas soluções há cerca de 70 anos.

Pretende-se assim promover a investigação e desenvolvimento de um novo sistema construtivo para a execução de camadas de impermeabilização e isolamento térmico em coberturas planas (em obras novas e de reabilitação), que possibilite a incorporação de “revestimentos” com características diferenciadas:

- Estéticas, como coberturas verdes ou tipo deck;

- Com capacidade implementação de sistemas de produção energética;

- Com capacidade de implementação de sistemas de aquecimento de águas;

- Todos os diferentes tipos de revestimento, possibilitaram um nível básico de filtragem de águas, possibilitando o seu armazenamento.

O sistema deverá ser composto na sua globalidade por componentes modulares de fácil assemblagem, com ligações realizadas apenas por encaixe simples ou aperto de parafusos.

As características do ADAPTIVE, quando comparadas com as soluções existentes no mercado, revelam um elevado grau de inovação. O sistema ADAPTIVE não possui comparáveis, pois não existe qualquer solução composta por componentes pré-fabricados modulares que realizem a impermeabilização, isolamento térmico e revestimento de coberturas planas. Este facto cria um grande distanciamento a nível tecnológico de todas as soluções existentes.

O incremento de ciclo de vida do sistema é possibilitado devido à garantia de qualidade dos componentes sistema e da sua instalação. A produção de componentes em série de forma autónoma, aliado ao facto de não ser necessário realizar qualquer alteração aos mesmos em obra (o que por sua vez elimina a necessidade de existência de mão-de-obra tradicional e consequentemente a existência de erros de execução), permite uma redução significativa da probabilidade de ocorrência de defeitos (seja na produção de componentes ou na sua aplicação). A modularidade do sistema permite a execução de ações de manutenção simples e localizadas, reduzindo de forma drástica estes custos ao logo dos anos. Permite ainda uma adaptabilidade infinita, seja ela estética ou funcional.

O Apoio do COMPETE 2020

O projeto ADAPTIVE é promovido pela empresa Secundino Queiros Construções e Obras Públicas em copromoção com o Centro de Estudos do Património, o Instituto Politécnico de Viseu e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e  é cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 791 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 541 mil euros.

21/07/2021 , Por Miguel Freitas
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