IntegraValor: Estratégia integrada de valorização de subprodutos agroalimentares

Testemunho de Rodrigo Reis, CEO da AgroAguiar

Rodrigo Reis | CEO da AgroAguiar

"O projeto IntegraValor está a contribuir para a valorização dos resíduos agroindustriais da indústria frutícola, que representa um setor importante em Portugal. A valorização sustentável destes subprodutos apresenta um excelente potencial para as empresas e para o setor, com um impacto francamente positivo para o meio ambiente, possibilitando a criação e introdução de produtos diferenciadores no mercado. Desta forma, o projeto materializa a aposta da AgroAguiar nesta temática, contando com a colaboração da empresa Destildouro e de entidades do sistema nacional de I&DT (UTAD, IPB, UM), que aportam os conhecimentos técnico-científicos necessários ao seu sucesso."

Enquadramento

O setor frutícola produz grandes quantidades de material vegetal durante a transformação e processamento das matérias-primas, onde se incluem cascas, folhas, pedúnculos, frutos não conformes por terem um menor calibre e subprodutos resultantes da transformação, sendo atualmente uma problemática relacionada com esta indústria. Os materiais descartados neste tipo de indústrias, muitas vezes designados erroneamente por resíduos e sujeitos a eliminação sem qualquer aproveitamento, apresentam-se assim como subprodutos, ou seja, produtos que apesar de não serem o objetivo final do processo produtivo principal podem ser valorizados por diferentes vias. Na sua maioria, os subprodutos produzidos não são tratados nem explorados eficazmente, apresentando potenciais riscos de contaminação de solos e águas, devido à sua deposição ambientalmente imprópria.

Neste sentido, anualmente o setor frutícola tem uma acumulação de grandes quantidades de biomassa de subprodutos com potencial impacto ambiental, mas também perda de material que pode ser processado para produzir um número elevado de produtos de valor acrescentado, como alimentos, biocombustíveis, produtos químicos, farmacêuticos e outras moléculas de interesse. Normalmente estes subprodutos são subaproveitados e o seu potencial valor é frequentemente perdido. As vias tradicionais para a valorização deste tipo de subprodutos são a alimentação animal, a incineração (recuperação de energia) e a compostagem, embora nem sempre sejam eficientes e acarretem custos muitas vezes superiores aos custos estimados pelas próprias empresas.

Assim, o desenvolvimento e implementação de processos sustentáveis capazes de converter a biomassa dos subprodutos em vários produtos com valor acrescentado, como por exemplo, compostos bioativos e bioetanol, é uma necessidade absoluta para aproveitar os subprodutos/resíduos agroindustriais e gerar menor impacto ambiental. Para além disso, os subprodutos/resíduos são materiais de baixo custo, apresentam boa disponibilidade e podem conter muitas substâncias de valor acrescentado que são convertidas em produtos de importante valor económico; ao mesmo tempo, a utilização desses resíduos em novos processos reduz a necessidade da deposição de resíduos no meio ambiente, diminuindo assim a poluição ambiental.

O Projeto

O projeto IntegraValor tem como principal objetivo desenvolver estratégias inovadoras de valorização dos subprodutos do setor frutícola, através da produção de álcool e extração de compostos de valor acrescentado (ex.: amido de castanha, corantes e compostos fenólicos). Assim, o IntegraValor propõe-se a otimizar os processos de extração de amido de castanha, corantes e compostos fenólicos, hidrólise de matérias lenhocelulósicos, fermentação e destilação alcoólica, de modo que a sua aplicação no meio industrial seja simples, fácil de executar e de baixo custo. A valorização sustentável destes subprodutos terá um impacto significativamente positivo no meio ambiente, juntamente com a introdução de produtos diferenciadores no mercado.

O projeto visa estimular a cadeia de valor do sector frutícola, através da valorização de subprodutos. As diferentes etapas deste projeto têm como base princípios de sustentabilidade e processos /tecnologias inovadoras, que permitam obter álcool de uso farmacêutico e compostos de valor acrescentado (amido de castanha, corantes e extratos ricos em compostos fenólicos). Os processos científicos e tecnológicos inovadores do projeto incluem: i) otimização dos processos de fermentação dos açúcares dos frutos não conformes; ii) otimização dos processos de hidrólise de materiais lenhocelulósicos (casca e pele da castanha, e pedúnculos e cascas de frutos); iii) otimização dos processos de conversão de açúcares fermentáveis em álcool de uso farmacêutico (destilação); iv) extração de compostos de valor acrescentado, e v) extração de amido de castanha. Estes processos permitem aumentar o valor dos subprodutos, resultando na transformação de dois novos produtos (álcool de uso farmacêutico e amido de castanha), e extração de compostos de valor acrescentado (corantes e compostos fenólicos).

Desta forma, os objetivos específicos deste projeto são: 1) Produzir álcool de uso farmacêutico a partir de frutos não conformes (morango, framboesa, mirtilo e amora) e subprodutos (casca, pele de castanha, folhas e pedúnculos de frutos); 2) Extrair amido de castanha, a partir de frutos não-conforme; 3) Extrair compostos de valor acrescentado (corantes e extratos ricos em compostos fenólicos); 4) Otimizar os processos para aplicação a nível industrial.

O projeto IntegraValor está a ser desenvolvido por um consórcio multidisciplinar composto por duas entidades empresariais, Agroaguiar e Destildouro, e três entidades do sistema nacional de investigação e inovação, Instituto Politécnico de Bragança, Universidade do Minho e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

O Apoio do COMPETE

O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção e em Território de Baixa Densidade, envolvendo um investimento elegível de 717 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 480 mil euros.

Links

AgroAguiar | Website

Universidade do Minho | Website

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro | Website

Instituto Polotécnico de Bragança | Website

10/10/2022 , Por Miguel Freitas
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