POTATOPLASTIC: O desenvolvimento de um composto bioplástico biodegradável à base dos subprodutos de batata

O Projeto

Motivado pelo impacto ambiental e o elevado custo associado à reciclagem dos plásticos convencionais, o projeto POTATOPLASTIC visa desenvolver um composto bioplástico biodegradável, à base dos subprodutos de batata, para substituir o plástico tradicional. O POTATOPLASTIC pretende contribuir assim para um menor uso de matérias-primas não-renováveis na produção de plásticos, reduzindo os custos económicos e ambientais da reciclagem destes últimos. Além disso, a indústria do processamento de batata beneficia pela criação de uma atividade capaz de absorver grande parte dos seus resíduos e produtos secundários não reutilizados.

 

Entrevistamos Liliana Cancela, responsável do projeto POTATOPLASTIC que nos falou dos desafios que defrontaram e os resultados obtidos bem como do contributo do COMPETE 2020:

Considera que foram alcançados os objetivos definidos para o projeto?

Era objetivo do presente projeto a substituição do petróleo por uma matéria-prima de origem natural que pudesse oferecer propriedades funcionais interessantes. Esta questão aliada à quantidade de subprodutos não reutilizados obtidos pelas indústrias de processamento da batata gerou um interesse no desenvolvimento de um bioplástico contendo este tipo de subprodutos. No projeto POTATOPLASTIC foi assim conseguido o desenvolvimento de um bioplástico biodegradável à base dos subprodutos da batata. Com este projeto foi adicionado conhecimento nesta área tendo sido estudada a influência de distintas combinações entre biopolímeros recuperados e a incorporação de ceras e/ou óleos nas formulações bioplásticas. Adicionalmente foram estudadas condições processuais e avaliada a processabilidade do material, nomeadamente extrusão/insuflação e injeção, e as suas propriedades nos filmes correspondentes.

Apesar de não terem sido incorporados materiais inorgânicos nos bioplásticos, de acordo com o estipulado, optou-se pela incorporação do polímero PBAT (PolyButylene Adipate Terephthalate), polímero biodegradável que se coaduna com os objetivos do projeto. Esta incorporação permitiu reduzir algumas dificuldades apresentadas no decorrer do projeto.

   
Quais foram os principais desafios com que se deparam no desenvolvimento do projeto?

Apesar de ter sido conseguido com sucesso o desenvolvimento de um bioplástico biodegradável à base dos subprodutos da batata, aquando da produção de filmes, estes apresentaram uma tonalidade amarelada aliada a um cheiro intenso. Adicionalmente a aglomeração do material dificultou inicialmente o processo de injeção e extrusão/insuflação para obtenção de filmes bioplásticos, tendo sido um problema reduzido através da secagem prévia do material e da incorporação de PBAT.

 
 
De entre os resultados alcançados, há algum que gostariam de destacar?

É de realçar a concretização de um bioplástico biodegradável à base dos subprodutos da batata que permite substituir o petróleo, que envolve consumos de energia e água elevados e gera resíduos nocivos e de difícil tratamento, e simultaneamente atribuir um fim aos subprodutos da indústria da batata que seriam desperdiçados. O consórcio acredita que, apesar das questões associadas à tonalidade amarelada e odor intenso dos filmes bioplásticos, este produto é interessante e valorizável no mercado podendo permitir a redução da utilização de matérias-primas não renováveis, custos económicos e ambientais associados à reciclagem dos habituais plásticos e permitir absorver resíduos e produtos secundários da indústria de processamento da batata.

 
 
Qual o contributo do COMPETE 2020 para o desenvolvimento deste projeto?

O contributo do Compete 2020 foi essencial para o desenrolar deste projeto. Graças a este apoio foi possível à empresa obter a condição de pioneira nesta área, algo que seria incrementado em pelo menos 2 anos.

A indústria dos plásticos está consciente das mudanças drásticas que se avizinham, pelo que têm vindo a posicionar-se como uma empresa de referência na procura de soluções inovadoras.

O apoio financeiro do projeto permitiu ainda uma melhor gestão do risco financeiro, inerentes a esta tipologia destes projetos.

 

O Apoio do COMPETE 2020

O projeto, que é promovido pela ISOLAGO - Indústria de Plásticos, S.A. em parceria com a Universidade de Aveiro, conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 1,7 milhões de euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de um milhão de euros.

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18/05/2020 , Por Miguel Freitas
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