INNO4HEALTH: Stimulate continuous monitoring in personal and physical health

Síntese do Projeto

O INNO4HEALTH irá criar um design inovador para sensores “wearable” (em solas, camisolas, etc) capazes de responder às necessidades dos pacientes e atletas. Estes sensores serão incluídos num ecossistema de dispositivos permitindo a aquisição de dados nos casos de uso de saúde e de desporto. Os dados recolhidos serão processados através da utilização de técnicas de inteligência artificial, sendo criado um conjunto de ferramentas capazes de aferir a performance e a condição física de pacientes e atletas, assim como de criar planos de acompanhamento e melhoria da sua condição física e de saúde. O caso de uso português foca-se exclusivamente na área da saúde, mais concretamente na área das doenças vasculares: “Acompanhamento da recuperação em claudicação, úlceras venosas e pacientes com pé diabético”.

A ambição do INNO4HEALTH é alavancar o potencial de crescimento das tecnologias de monitorização e “wearable” para criar uma plataforma sobre a qual soluções diversificadas e orientadas a dados poderão ser desenvolvidas para atender às necessidades e desafios do mercado heterogéneo da saúde e do desporto.


A Entrevista a William Xavier, Co-Founder & CEO da WISEWARE e responsável do projeto INNO4HEALTH

William Xavier | Co-Founder & CEO da WISEWARE

 

1. Como nasceu o projeto INNO4HEALTH? Quais foram as principais motivações?

O projeto INNO4HEALTH surgiu através do estabelecimento de uma parceria prévia com o ISEP e a FMUP para o desenvolvimento conjunto de projetos de I&D. Sendo a WISEWARE uma empresa tecnológica e de engenharia que desenvolve soluções de I&D (software, hardware e firmware) para a área da saúde e a área industrial, a FMUP uma instituição do Ensino Superior que realiza atividades de I&D focadas para a área da saúde e que possui uma relação mais estreita com instituições de cuidados de saúde (nomeadamente hospitais), permitindo assim ter contacto com pacientes para serem realizados ensaios e estudo de casos em contexto real, e o ISEP, também uma instituição do Ensino Superior focada em engenharia, inteligência artificial e desenvolvimento de sistemas de apoio à tomada de decisão, formou-se assim o consórcio com o intuito de desenvolver atividades de investigação com enfoque nas áreas de saúde e bem-estar. 

Após o ISEP ter tido conhecimento de uma call a nível internacional e do tipo de projeto que se pretendia desenvolver, uma vez que ia de encontro aos objetivos da nossa parceria a nível nacional, iniciámos o processo de estabelecimento da parceria a nível internacional para a elaboração da candidatura em conjunto com todos os parceiros. Assim nasceu o projeto INNO4HEALTH, com o objetivo de estimular a monitorização contínua da condição clínica e física nas áreas da saúde e do desporto e cuja parceria conta atualmente com um total de 26 entidades de vários países (Canadá, Lituânia, Países Baixos, Roménia, Turquia e Portugal). O projeto contempla o estudo e desenvolvimento de soluções para vários casos de uso, pelo que em Portugal, o nosso foco incide na claudicação intermitente, pé diabético e úlcera venosa, uma vez que a WISEWARE já tinha trabalho prévio desenvolvido neste sentido.

Desde a sua criação, que a WISEWARE tem focado o seu crescimento e desenvolvimento para a área da engenharia e das TIC aplicadas à saúde e bem-estar (onde obtivemos recentemente reconhecimento de idoneidade por parte da ANI), desta forma e dado que já tínhamos realizado atividades de investigação de soluções wearable para monitorização remota de pacientes, fazia todo o sentido integrarmos o projeto. Além disso, conscientes do envelhecimento da população e de que a esperança média de vida tem aumentado, aliado à necessidade de cada vez mais as pessoas necessitarem de cuidados e se preocuparem com o seu bem-estar, faz parte da missão da WISEWARE oferecer soluções tecnológicas com impacto positivo para o bem-estar da população.

2. O que considera ser o elemento diferenciador do projeto INNO4HEALTH?

O projeto INNO4HEALTH é impactante pelo simples facto de juntar parceiros de diversos países, com um elevado grau de expertise e, desta forma, permitir uma partilha de conhecimento e experiência entre todos para que possamos desenvolver soluções com impacto na vida das pessoas. Ao nível do consórcio português, o nosso foco está no desenvolvimento de soluções miniaturizadas, wearables, que permitem monitorizar as condições dos pacientes através do envio e processamento dos dados recolhidos para uma app mobile. O elemento diferenciador deste projeto, está no desenvolvimento e integração de ecossistemas de sensores (IMU - posição, passada; insole - palmilha sensorizada; banda para medição de sinais vitais) que recolhem dados, que de seguida são processados (através de algoritmos de AI), e serão visualizados através de uma app para própria monitorização do paciente em tempo real. Além disso, o profissional de saúde consegue aceder remotamente aos dados do paciente através da plataforma criada para o efeito. Assim, esta solução, irá ser um elemento complementar e facilitador para acompanhamento e tratamento do paciente.

Podemos desde já destacar a solução desenvolvida para a claudicação intermitente, que consiste na utilização de um IMU e de uma banda de leitura de sinais vitais pelo paciente. Estes dispositivos estão conectados com uma aplicação mobile que permite ao paciente, em tempo real, visualizar os dados recolhidos (velocidade média, passos, distância percorrida, frequência cardíaca, entre outros) e identificar pontos de dor nos membros inferiores, além disso, a app terá uma componente de coaching que irá dar sugestões ao paciente para melhorar a sua condição e performance. Uma vez que a qualidade de vida dos pacientes pode melhorar com exercício, pretende-se com a adoção deste ecossistema, verificar uma melhoria em 20% (face ao estado inicial) da distância percorrida até aguentar a dor, ou até mesmo, conseguir andar sem dor.

 

No que respeita ao use case do pé diabético, o ecossistema é constituído por insoles (palmilhas sensorizadas que medem a pressão e temperatura do pé) e uma banda para recolha de sinais vitais. À semelhança do use case da claudicação, os dados serão possíveis de serem visualizados em tempo real pelo paciente, e remotamente pelos profissionais de saúde através da plataforma dedicada. Com este sistema, pretende-se identificar os pontos que são suscetíveis de aparecimento de úlceras de pé diabético, através da observação da mudança de padrões nos pontos de medição de pressão e temperatura do pé.

 

3. Qual a importância da colaboração entre a WISEWARE e a FMUP e o ISEP no desenvolvimento do projeto? Existe um ciclo virtuoso da inovação?

Conforme já referido anteriormente, consideramos que o consórcio estabelecido reúne os elementos fundamentais para a boa execução e cumprimento dos objetivos do projeto, desde a experiência que cada parceiro possui na realização de projetos de I&D com foco na área do bem-estar e saúde (quer a nível nacional quer a nível internacional), ao conhecimento técnico da equipa multidisciplinar (investigadores, engenheiros, profissionais de saúde), e ao facto de nos permitir estar em proximidade com instituições de saúde (através da FMUP), conseguimos efetivamente desenvolver soluções que vão de encontro às necessidades da população. Com o feedback obtido dos pacientes que utilizam as soluções por nós desenvolvidas e face aos resultados obtidos, estamos em constante realização de melhorias/upgrades, de forma que a utilização deste sistema possa ser alargada a mais pacientes.

Existe efetivamente um ciclo virtuoso da inovação. Este inicia-se com a identificação de uma necessidade no mercado e simultânea análise ao estado da arte, a partir daqui, é delineado um estudo de caso tendo em consideração as necessidades identificadas e as soluções que se pretendem desenvolver. Os passos seguintes passam pelo desenvolvimento da tecnologia (protótipos) e a realização de ensaios internos e, posteriormente, em contexto real. Com o feedback obtido por parte do utilizador final da solução, e da análise e validação dos dados recolhidos, serão realizados ajustes de forma a melhorar a solução a vários níveis, quer de usabilidade quer tecnológico. Após a obtenção de uma solução final disruptiva no mercado, o objetivo será que esta possa ser disponibilizada para a população-alvo, gerando impacto social e económico. Assim, estão contempladas as três fases cruciais da inovação: o conhecimento científico, o desenvolvimento tecnológico e a inovação em si.

4. De entre os resultados esperados, há algum que gostariam de destacar?

Sim, no caso da claudicação intermitente é de destacar a aplicação desenvolvida que permite ao paciente e ao profissional de saúde analisar o seu desempenho ao longo dos ensaios. Visto que na app é possível identificar pontos de dor, visualizar os passos e a distância percorrida, estes dados são fundamentais para o profissional de saúde traçar objetivos e acompanhar a evolução do paciente. Esta solução já foi testada laboratorialmente e um conjunto de pacientes foi recrutado para efetuar testes em cenário real.

No que respeita ao pé diabético, é de ressaltar, o facto de se conseguir prever através dos pontos de pressão e de temperatura do pé, o desenvolvimento de úlceras, de modo que os profissionais de saúde conseguiam atuar antecipadamente e terem informação de apoio à tomada de decisão.


O Apoio do COMPETE 2020

O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio a Projetos de I&D Industrial à Escala Europeia, envolvendo um investimento elegível de 826 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 608 mil euros.

Links

Inno4Health: Website

Wiseware: Website

ISEP: Website | Facebook | Linkedin

FMUP: Website | Facebook | Linkedin | Twitter

13/04/2023 , Por Miguel Freitas
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