RiceHusk+ | Desenvolver produtos mais ecológicos para o setor da construção

O objetivo do “RiceHUSK+” está centrado no desenvolvimento de elementos pré-fabricados, para a indústria da construção, produzidos a partir de materiais compósitos de base cimentícia inovadores e de elevado valor funcional, integrando na sua constituição a casca do arroz, um subproduto agroindustrial.

Enquadramento

O conceito de sustentabilidade aplicado ao setor da construção tem estimulado a criação de novos materiais a partir de resíduos e de outros recursos naturais renováveis.

O cimento é um dos materiais de construção mais utilizados, devido à elevada durabilidade e características funcionais no estado endurecido. No entanto, a sua produção tem impactos ambientais significativos, relacionados com a extração de matérias-primas, o consumo de energia e as emissões de CO2.

Considerando o elevado volume de cimento que continua a ser produzido anualmente, há vários estudos que procuram atenuar as repercussões ambientais, através da incorporação de resíduos em misturas de base cimentícia e do desenvolvimento de solução pré-fabricadas. Neste contexto, a utilização de fibras naturais e subprodutos agrícolas, como a casca de arroz, oferece importantes vantagens ambientais. 

A casca de arroz tem características únicas que incentivam a sua utilização, tais como a baixa densidade e elevada porosidade, baixo valor comercial e fracas propriedades nutritivas, tendo em vista a alimentação animal. A colocação em aterro e queima destes resíduos pode causar problemas ambientais, devido ao elevado teor em sílica.

Em conversa com o COMPETE 2020, Bruno Teixeira, responsável pelo “RiceHUSK+”, revela os detalhes e objetivos deste inovador projeto nacional na área da indústria da construção.

Bruno Teixeira - Responsável pelo projeto “RiceHUSK+” 

A Farcimar lidera um projeto inovador centrado no desenvolvimento de novos compósitos cimentícios incorporando casca de arroz e na conceção, a partir destes, de produtos pré-fabricados com um elevado desempenho térmico, acústico e ambiental.

O desenvolvimento de soluções pré-fabricadas com incorporação de casca de arroz contribuirá para melhorar a sustentabilidade e a qualidade global dos produtos. O potencial da casca de arroz para o projeto reside no facto deste material deter boas propriedades físicas, derivadas da sua estrutura morfológica. Substituindo os agregados convencionais por casca de arroz, a densidade do betão poderá ser reduzida, contribuindo para uma maior economia nos custos de manuseamento e de transporte e para um melhor desempenho térmico e acústico.

O sucesso comercial será potenciado não só pela estreita colaboração entre todos as entidades envolvidas, como pela verificação de todos os requisitos funcionais para as aplicações identificadas, introduzindo elevados padrões de sustentabilidade.

Este projeto surge assim como uma oportunidade de valorização de resíduos, bem como de utilização de recursos endógenos. A integração de casca de arroz permitirá dinamizar a economia nacional e regional, criar riqueza e fomentar a competitividade a um nível global, acrescentando um valor único e inovador à produção industrial e fomentando a criação de emprego.

Sem o apoio do COMPETE 2020 tornar-se-ia muito mais difícil à Farcimar ter condições para realizar este projeto, e constituir um consórcio com Entidades do Sistema Científico e Tecnológico.

 

O Consórcio

O projeto está a ser executado em consórcio pelas seguintes entidades:

- Farcimar, uma das empresas líder no mercado de produção de pré-fabricados de betão;

- Itecons, Entidade do Sistema Científico e Tecnológico vocacionada para o desenvolvimento de novos sistemas e processos construtivos;

- Instituto Superior Técnico, Entidade do Sistema Científico e Tecnológico que tem como missão contribuir para o desenvolvimento da sociedade através do ensino e de atividades de investigação.

 

O Apoio do COMPETE 2020

O projeto “RiceHUSK+” foi cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, na vertente de co-promoção, com um investimento elegível de cerca de 696 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 376 mil euros (299 mil euros referentes ao Compete 2020 e 77 mil euros referentes ao PO Lisboa).

01/10/2020 , Por Pedro Neves