Investigação portuguesa inovadora no combate à bio-incrustação marinha

Desenvolver novas substâncias, através de produtos de origem marinha, capazes de impedir a bio-incrustação nos barcos e com um reduzido risco ambiental são os objetivos do projeto liderado pela Universidade do Porto e cofinanciado pelo COMPETE 2020.

 

1. Síntese

A bio-incrustação marinha é um fenómeno que causa graves problemas e enormes prejuízos às indústrias do setor marítimo em todo o mundo pelo que têm sido utilizadas tintas anti-incrustantes para combater este processo. No entanto, estas apresentam uma elevada toxicidade para o ambiente marinho pelo que o seu uso, na maioria dos casos, foi proibido.

O Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) tem procurado identificar tecnologias anti-incrustantes mais ecológicas e menos tóxicas para combater a bio-incrustação marinha, nomeadamente através da linha de investigação Novelmar e do projeto cofinanciado pelo COMPETE 2020 “Antiincrustante: Superando problemas ambientais associados aos agentes anti-incrustantes” que visa desenvolver novas substâncias através de produtos de origem marinha.

Os resultados deste projeto, coordenado por  Marta Correia da Silva, “abrem caminho para o desenvolvimento de novos revestimentos anti-incrustantes amigos do ambiente” refere a investigadora do CIIMAR e também docente e investigadora da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP).

 

2. Enquadramento

A proteção de superfícies submersas contra a incrustação de organismos tem sido extensivamente estudada. O controlo químico com recurso a agentes tóxicos é o método anti-incrustante mais efetivo, no entanto induz sérias consequências para os ecossistemas marinhos. 

O Comité para a Proteção do Ambiente Marinho tem alertado para as consequências ecológicas que podem ocorrer com a não existência de alternativas, sendo urgente a procura e identificação de alternativas anti-incrustantes mais ecológicas e menos tóxicas. 

Neste âmbito, nos últimos anos, alguns produtos naturais marinhos têm sido considerados como fontes promissoras de agentes anti-incrustantes, “no entanto, «a sua origem em fontes naturais dificulta a sua produção em grande escala", esclarece a investigadora responsável, Marta Correia da Silva. “A síntese química é preferível à recolha dos organismos do meio natural e à extração dos compostos ativos, por ser mais sustentável e amiga do ambiente, evitando a exaustão dos recursos naturais.”

 

3. A solução

Desenvolver novas substâncias inspiradas em produtos sulfatados de origem marinha capazes de impedir a bio-incrustação em barcos e com um reduzido risco ambiental são os objetivos do projeto supra, cofinanciado pelo COMPETE 2020 e liderado pela Universidade do Porto - Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), em parceria com a Faculdades de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) e a Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências (FCiências.ID).

A equipa de investigação tem desenvolvido uma metodologia para sintetizar eficazmente novas substâncias inspiradas em produtos marinhos, tendo demonstrado a eficácia destes produtos no combate à bio-incrustação, com reduzido risco ambiental.

A estratégia definida para este projeto passou por:

  1. sintetizar compostos inovadores, inspirados no ácido zostérico, mas menos solúveis em água 
  2. testar a sua efetividade anti-incrustante 
  3. e incorporá-los em revestimentos poliméricos usando uma nova tecnologia de imobilização já desenvolvida. 

A combinação de tecnologias pode contribuir para ultrapassar as limitações que existem no controlo da incrustação de organismos a superfícies submersas, providenciando novos revestimentos com caraterísticas menos tóxicas mas igualmente eficazes. Os resultados irão guiar a síntese de novos compostos otimizados, sendo que a equipa está confiante que encontrarão o equilíbrio entre uma síntese eficaz, atividade anti-incrustante potente e baixa toxicidade e taxa de bioacumulação.

Este projeto terá, certamente, um impacto tanto a nível ambiental como societal e económico, especialmente em indústrias que movem o mundo: energia e transportes.

 

4. Apoio do COMPETE 2020

O projeto “Antiincrustante: Superando problemas ambientais associados aos agentes anti-incrustantes” foi cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica e contou com um investimento elegível de 162 mil euros e um incentivo FEDER de 114 mil euros.

Marta Correia da Silva, investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto que coordena este projeto, explica a importância do financiamento obtido nesta área.

 

O apoio do programa COMPETE 2020 permitiu unir o Norte ao Sul através da pareceria que foi estabelecida, no âmbito deste projeto, entre instituições com experiência científica complementar e que com este apoio estão a atuar conjuntamente na resolução de um problema com enorme impacto a nível ambiental e económico.

 

5. Links

> Vídeo: Investigadora da U. Porto analisa a bio-incrustação marinha no programa Mentes que Brilham 

> Estudo publicado na revista científica “Scientific Reports”, do grupo Nature, por profissionais do CIIMAR, da FFUP e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) 

> Prémio de excelência atribuído à conferência proferida pela investigadora responsável do projeto num congresso na Universidade de Birmingham 

> CIIMAR - Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental  

> Universidade do Porto 

> Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) 

> Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências (FCiências.ID) 

11/05/2017 , Por Cátia Silva Pinto
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