“A sustentabilidade é um dos pilares em que assenta a Tintex"

 
I. Entrevista
 
Entrevistámos Pedro Magalhães, Diretor de Inovação da Tintex, provavelmente a mais premiada das têxteis portuguesas com vários projetos cofinanciados pelo COMPETE 2020. Um deles é o PICASSo que visou criar uma nova palete de cores através de corantes naturais, extraídos de plantas e cogumelos. 
 

Perfil do Entrevistado

Pedro Magalhães, Diretor de Inovação da Tintex, tem desenvolvido trabalho de investigação científica após a finalização do Mestrado Integrado em Engenharia Química na FEUP. Este trabalho culminou na obtenção de grau de Doutor na área de Engenharia Química e Biológica, nesta mesma instituição. 

A nível de indústria, fez um percurso inicial na Corticeira Amorim, tendo abraçado, em 2018, o desafio da Tintex para coordenar e  potencializar o departamento de inovação na empresa.

 

1. O que vos mobilizou para concretizar o projeto?  O projeto PICASSo surge no seguimento da realização do projeto Algo.Natur, também desenvolvido no âmbito do tingimento natural de substratos têxteis. A sustentabilidade é um dos pilares em que assenta a Tintex e, neste sentido, a procura de processos de tingimento mais sustentáveis faz parte da génese da nossa empresa. Consideramos assim, que o desenvolvimento e implementação industrial de um processo de tingimento natural é de elevada importância para o futuro dos processos tintoriais.
   
2. Quais os principais desafios com que se deparam na concretização do projeto? O primeiro projeto realizado neste âmbito – Algo.Natur – levou-nos à obtenção de um conhecimento alargado no que se refere ao processo do tingimento natural. Assim, os principais obstáculos que encontramos prendem-se com a obtenção de uma palete de cores mais variada – fugindo aos tons nude mais comummente obtidos com este processo – e com a obtenção de um produto final cujo desempenho se equipare aos produtos tingidos com métodos mais tradicionais.
   
 
3. Quais são os vossos objetivos para 2019? 

No que se refere ao projeto, os principais objetivos prendem-se com a industrialização do processo, que nos permitirá a comercialização de uma gama de produtos obtidos através do processo de tingimento natural.

   
4. Qual o contributo do COMPETE 2020 para os objetivos que definiram para o projeto? O desenvolvimento de um eficiente processo de tingimento natural a nível industrial é um desafio cujo impacto poderá ser verificado a um nível global. Este impacto advém não só do nível de inovação que apresenta, mas também pela sustentabilidade que um processo de tingimento natural representa, devido ao ainda elevado impacto ambiental que a utilização de corantes sintéticos acarreta. Assim, a realização de um projeto desta magnitude não seria possível sem o apoio da mais-valia financeira atribuída pelo COMPETE 2020.
 
 
 
II. Sobre o projeto PICASSo
 
Para responder à necessidade da indústria têxtil, no que respeita à obtenção de compostos base natural (com potencial de coloração e antimicrobianos) para a produção de têxteis com impacto reduzido no ambiente e na saúde humana, foi criado um consórcio com complementaridade de valências constituído por empresas com experiência no setor têxtil (TINTEX) e no fornecimento de plantas (ERVITAL) e cogumelos (BIOINVITRO) e por entidades do sistema I&I (CeNTI e CITEVE), que são os dinamizadores das tarefas de I&D.
 
A investigação no âmbito do PICASSo está focada em dois desafios: a extração de compostos naturais, a partir de cogumelos e plantas, com base em processos eco eficientes e de fácil implementação industrial, e a compatibilidade dos compostos extraídos com substratos têxteis.
 
Este projeto envolve um total de 816 mil euros de investimento, sendo 591 mil euros de financiamento do FEDER, através do COMPETE 2020.
 
Além da vertente inovadora de valorização das funcionalidades intrínsecas de uma grande variedade de compostos presentes em plantas e cogumelos, este projeto vai ao encontro das necessidades de sustentabilidade ecológica e económica do mercado mundial, uma vez que pretende explorar novos métodos inovadores de coloração e funcionalização têxtil, e dar prioridade a extratos naturais provenientes de resíduos e/ou espécies de cogumelos e plantas de baixo valor comercial.
 
 
III. Links úteis
 
 
 
 
 
 
 
 
 

23/01/2019 , Por Cátia Silva Pinto
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