nanoHepBTher: Vacina Terapêutica para a Hepatite B crónica

O nanoHepBTher é um projeto promovido pelo Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra e cofinanciado pelo COMPETE 2020, que tem como principal objetivo o desenvolvimento de uma vacina terapêutica para os doentes crónicos com hepatite B (HB). A HB é uma doença infeciosa e constitui a principal causa do cancro no fígado. O medicamento a desenvolver terá uma ação farmacológica que resultará na eliminação do vírus da HB (VHB) das células do fígado, constituirá por isso uma medida preventiva do hepatocarcinoma.

Enquadramento

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em 2015, as infeções pelo vírus da hepatite B e C causaram 1,34 milhões de mortes em todo o mundo, um número comparável com 1,1 milhões de mortes causadas pelo HIV no mesmo ano. Ainda segundo o mesmo relatório (2015) da OMS, 257 milhões de pessoas sofriam de doença crónica, por hepatite B (HBC).

A epidemia de hepatite B é particularmente grave nas regiões de África e do Pacífico Ocidental, onde a transmissão de mãe para filho é uma importante via de infeção. No entanto, com a crescente tendência migratória da África e da Ásia para os países europeus, espera-se que o número de casos aumente na Europa nos próximos anos.

A terapêutica clássica, e particularmente a vacina profilática contra a hepatite B, têm utilidade limitadas. Assim, as estratégias imunoterapêuticas começam agora a ser consideradas. Há uma esperança bem fundamentada de que a descoberta de um tratamento para a hepatite B reduza consistentemente os casos de HBC, à semelhança do que está a acontecer com a hepatite C.

O Projeto

Este projeto pretende desenvolver uma imunoterapia de base nanotecnológica e testá-la em células do sangue periférico de doentes crónicos com HB. Assim, pretende-se testar várias nanopartículas poliméricas (NPs), carregadas com ADN ou com os antigénios (proteína que desencadeia a produção de anticorpos) do vírus da hepatite B (superfície e do núcleo). Serão partículas artificiais análogas a vírus, sem material genético. As NPs permitem a entrega seletiva dos antigénios às células-alvo  do sistema imunitário que iniciarão uma resposta com vista a combater o vírus dentro dos hepatócitos (células do fígado).

O Projeto tem 4 tarefas principais, (1) o desenvolvimento das NPs, (2) testes com linhas celulares humanas (3) experimentação animal e (4) testes com células do sangue periférico de doentes crónicos com VHB. As primeiras três tarefas permitirão a seleção das NPs com maior potencial e que serão usadas na tarefa principal, mais importante e que está na base deste projeto, os testes com células do sangue periférico de doentes crónicos com VHB.

Existem duas equipas a trabalhar no projecto, a equipa do CNC que preparará e selecionará as melhores formulações e finalmente fará os testes em amostras de doentes crónicos. A equipa do hospital providenciará as amostras dos doentes, auxiliará nas análises bioquímicas e participará nas discussões de resultados.

O Apoio do COMPETE 2020

O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Cientifica e Tecnológica, envolvendo um investimento elegível de 235 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 199 mil euros.

03/07/2018 , Por Miguel Freitas
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