FlexiRecover: uma aposta na economia circular

A valorização dos resíduos e subprodutos gerados na produção de espumas flexíveis de poliuretano é a divisa máxima deste projeto, cofinanciado pelo COMPETE 2020 e promovido pela SAPEC Química em parceria com a Flexipol e a Universidade de Aveiro (CICECO).
 
 
1. Síntese
 
O objetivo principal do projeto FlexiRecover consiste no desenvolvimento de um processo de produção de polióis a partir de resíduos e subprodutos de espumas flexíveis de poliuretano (PU), com qualidade para poderem ser reincorporados na produção de novas espumas, com uma percentagem de 10-20% do total de poliol virgem utilizado e cujos setores de aplicação são os fabricantes de espumas flexíveis de PU. 
 
Com as taxas de incorporação expectáveis, não deverão existir perdas significativas das propriedades físicas e químicas ao nível de: • Resiliência • Compression-set húmido e seco • Dureza • Emissões • Rasgamento, alongamento e tração • Permeabilidade ao ar.
 
“Este projeto na área da economia circular, também tem como objetivo aumentar a sustentabilidade das empresas através da diminuição da importação de matérias-primas, equilibrando a balança comercial e criar uma alternativa de escoamento dos subprodutos com valor acrescentado, reduzindo o risco inerente ao negócio”, refere Rui Silva, Diretor de I&D na Sapec Química em declarações ao COMPETE 2020. “Por outro lado, o projeto representa um grande investimento das empresas em inovação tecnológica e conhecimento”, acrescenta.
 
Caso se avance para a industrialização deste processo e se consubstancie o investimento que se prevê vir a envolver todos os elementos do consórcio - SAPEC Química, Flexipol e Universidade de Aveiro (CICECO) - deverá ser criada uma Spin off que inicialmente poderá dar resposta ao mercado Português e, em segunda instância, ao mercado Ibérico. 
 
Existem outras aplicações para o resultado do projeto FlexiRecover, dado que os polióis são precursores de uma vastíssima gama de produtos. Assim, outros sectores de aplicação poderão ser a indústria das espumas de PU rígidas, nomeadamente com aplicações como o isolamento, embalagem (proteção) e outras com um grau de exigência inferior nas propriedades mecânicas e a indústria de CASE - coatings, adhesives, sealants and elastomers, entre outras.
 
 
2. Resultados esperados
 
Assim, no pós-projeto, perspectiva-se a construção de uma unidade de produção industrial de polióis a partir de resíduos de PUF em Portugal, conduzindo a um efeito em cadeia de criação de postos de trabalho, sobretudo qualificado, contribuindo de forma pró-activa para a competitividade da empresa, da região onde esta se insere e, em última instância, do país, através do incremento da taxa e do volume de exportações.
 
O sucesso deste projeto estabelecerá condições para a criação de uma empresa (spin-off) partilhada pelas entidades privadas do consórcio, que explorará a produção de polióis a partir dos resíduos de espumas de poliuretano (PUF – PolyUrethane Foam). 
 
 
3. Apoio do COMPETE 2020
 
O projeto FlexiRecover é cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, na vertente em co-promoção, envolvendo um investimento elegível de 1.3 milhões de euros, o que resultou num incentivo FEDER de 820 mil euros.
Em declarações ao COMPETE 2020, Rui Silva, responsável pelo projecto, enaltece a importância do apoio do COMPETE 2020.
 
“Na condução de tarefas nucleares como os ensaios de produção de poliol e espuma de PU, os custos associados podem ser baixos à escala laboratorial de baixa pressão, mas sobem várias ordens de grandeza à medida que se avança para os ensaios de alta pressão, desde a escala de bancada, passando pela escala piloto, até à escala industrial. Se, por um lado, o cariz iterativo dos ensaios implica um número muito elevado de testes, por outro lado, o volume de matérias-primas envolvido num ensaio industrial torna cada partida num investimento per se.
Há também despesas associadas a análises como o teor de compostos orgânicos voláteis (COV) que são essenciais para o cumprimento das normas de qualidade internacionais que regem este setor. Uma vez mais, o custo das mesmas repetido ao longo do projeto torna-se muito pesado.
 
Por fim, a comparticipação no pagamento dos recursos humanos envolvidos é também uma mais-valia do projeto. O acesso das empresas a mão-de-obra altamente especializada, como os quadros doutorados do CICECO, a disponibilidade de bolseiros de investigação com dedicação total ao projeto ou o envolvimento regular e sistemático dos seus técnicos, proporciona um desenvolvimento assente na transversalidade de competências, mais eficaz e mais eficiente.
 
Assim, dadas as características deste tipo de indústria/processos, quer pela alavancagem de meios, quer pela capacidade de resposta proporcionada, o apoio da entidade financiadora é fundamental para o sucesso do projecto”.
 
 
4. Links
 

08/02/2018 , Por Cátia Silva Pinto
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