ECOLIVES - Gestão sustentável em olivais mediterrânicos

Enquadramento

Atualmente um dos maiores desafios subjacente à viabilidade dos ecossistemas agrícolas a nível mundial é a promoção de sistemas de controlo de pragas que sejam economicamente lucrativos. As pragas agrícolas, e o decorrente uso de agroquímicos, estão entre as principais causas de prejuízo económico, correntemente estimados em milhares de milhões de dólares por ano. Recentemente, vários estudos apontam que a utilização de meios naturais de combate às pragas (conhecidos como serviços de controlo biológico - SCB) possa constituir uma forma eficaz, ecológica e lucrativa de reduzir os prejuízos na produção agrícola e a utilização de agroquímicos. Contudo, a aplicabilidade e investimento neste tipo de estratégias estão ainda muito condicionados pela falta de conhecimento da ecologia e dos processos que permitam a gestão dos SCB a longo-prazo. Impõe-se que sejam desenvolvidos esforços que visem testar a viabilidade dos SCB enquanto alternativa para uma produção agrícola mais sustentável. Neste sentido, várias questões surgem: que fatores ambientais e a que escala afetam os padrões de biodiversidade e os serviços prestados pelos SCB? Qual o valor e viabilidade económica dos seus serviços? Qual o enquadramento dos SCB perante os impactos decorrentes da intensificação agrícola? E finalmente, que impactos terão as políticas agrícolas e as alterações globais na exequibilidade dos SCB? Este projeto propõe-se a responder a estas questões, contribuindo concretamente para o desenvolvimento de políticas agrícolas que estabeleçam como prioridade a sustentabilidade na exploração dos recursos naturais.

 

José M. Herrera | Responsável do Projeto

 

“O incentivo permitirá facultar conhecimento sobre a gestão para a conservação dos serviços de biocontrolo fundamentais para o Alentejo e para Portugal, mas não só, já que são abordados alguns dos desafios de sustentabilidade da produção agrícola e de segurança alimentar mais prementes a nível mundial. Desta forma, o projeto contribui para a competitividade e internacionalização de Portugal, objetivo chave do programa Compete2020 o qual tem como finalidade contribuir para a criação de uma economia mais competitiva, baseada em atividades intensivas em conhecimento.”

O Projeto

Este projeto foca-se em olivais, uma exploração historicamente e geograficamente representativa em ambientes Mediterrâneos. Mais especificamente pretende-se estimar o valor do controlo biológico natural em função do tipo de gestão de pragas aplicado sobre duas das suas principais pragas - a mosca-da-azeitona (Bactrocera oleae) e a traça-da-azeitona (Prays oleae). Mediante o tipo de gestão, é espectável que a abundância e diversidade de espécies controladoras variem, diminuindo com o aumento da intensidade de controlo químico de pragas. Isto implica que o uso de agroquímicos, para além de ter um impacto económico não-negligenciável enquanto custo de produção, poderá ter reflexos significativos nas comunidades silvestres de predadores insectívoros generalistas de relevo na região, como por exemplo as aves e os morcegos. Contudo, a ausência de estudos que reflitam a relevância destes grupos como fornecedores de um serviço económico neste âmbito, resulta na sua desvalorização com impactos acrescidos para a sustentabilidade do sistema.

No âmbito do projeto ECOLIVES, a seleção das parcelas de olivais onde decorrerão as amostragens será inicialmente realizada tendo por base dois tipos distintos de gestão de pragas: Gestão Integrada de Pragas (GIP; onde são aplicados agroquímicos para controlo ativo de pragas quando o impacto destas se torna economicamente relevante) e olivais biológicos (OB, que subsistem numa base de controlo passivo proporcionado pelos SCB).

Posteriormente a ocorrência e abundância tanto de pragas como de potenciais controladores será estimada de forma a possibilitar a identificação de fatores ambientais a diferentes escalas que determinem os padrões de distribuição. Esta relação será mais objetivamente testada através de uma experiência de exclusão, privando o acesso total ou parcial dos grupos estudados.

A vertente económica será avaliada tendo em consideração a produção (em termos de quantidade e valor de produto comercializado) consoante o impacto das pragas, mas também mediante a estimativa de custos de produção associada ao controlo destas, executado através dos métodos empregues (GIP vs OB).

Finalmente, com base na informação recolhida no âmbito do projeto, os resultados serão extrapolados para outras regiões mediterrânicas da União Europeia através de modelação estatística, prevendo cenários futuros sobre a viabilidade dos SCB em olivais de produção, tendo em consideração as implicações previstas no âmbito das políticas agrarias e alterações climáticas.

Este projeto tem o propósito último de providenciar informação inovadora de aplicabilidade direta na gestão e orientadora no sentido do estabelecimento de políticas agrícolas que promovam a produção sustentável, beneficiando tanto a vertente económica, como a conservação da natureza e biodiversidade. Desta forma, pretende-se estruturar um conjunto de orientações que possam ser extrapolados e aplicados noutras áreas de produção agrícola com impactos ecológicos.

 

 

Apoio

O projeto é promovido pela Universidade de Évora em parceria com o Instituto Superior de Agronomia da Universidade Lisboa e o ICETA - Instituto de Ciências, Tecnologias e Agroambiente da Universidade do Porto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Cientifica e Tecnológica, envolvendo um investimento elegível de 195 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 138 mil euros.

11/12/2017 , Por Miguel Freitas
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