Entrevistámos a Diretora de I&D da Riopele e responsável do projeto R4Textiles

A propósito do projeto R4Textiles cofinanciado pelo COMPETE 2020 - que visou desenvolver têxteis sustentáveis com base nos «resíduos têxteis gerados nos nossos processos de produção» e «na utilização de subprodutos de indústrias agroalimentares» - entrevistámos Albertina Reis, Diretora de I&D da Riopele.

1. Enquadramento
 
No contexto atual de consciencialização ambiental, a RIOPELE tem apostado numa estratégia de investigação que tem levado à adoção de políticas sustentáveis, de redução do impacto ambiental, assente na valorização dos resíduos têxteis e de subprodutos de indústrias agroalimentares próximas geograficamente.  
 
Cofinanciado pelo COMPETE 2020, o projeto R4Textiles visou o desenvolvimento de têxteis sustentáveis - reutilizados e funcionais - com base na valorização de resíduos têxteis e agroalimentares, inserindo-se no novo paradigma da "economia circular".  
 
Leia a entrevista a Albertina Reis, Diretora de I&D da Riopele e responsável deste projeto.
 
 
2. Entrevista
 
2.1. Como nasceu o projeto? Quais foram as principais motivações?
 
O projeto R4Textiles teve o seu início em 2016, num momento em que a indústria têxtil e da moda começava a perceber a importância da sustentabilidade no desenvolvimento de uma nova geração de produtos. Uma das áreas em que identificamos uma oportunidade foi na valorização dos resíduos têxteis gerados nos nossos processos de produção, como fios, telas e tecidos.
 
Por outro lado, também percecionamos grande potencial na utilização de subprodutos de indústrias agroalimentares que estavam geograficamente próximas das nossas unidades produtivas.
 
 
2.2 O que considera ser o elemento diferenciador do projeto?
 
O elemento diferenciador do projeto R4Textiles foi, sem dúvida, a sua pioneira abordagem à sustentabilidade na indústria têxtil no segmento de moda. Quando o projeto teve início, há quase uma década, falar sobre a utilização de resíduos têxteis para a criação de novos produtos era quase uma utopia. Hoje, é algo comum e amplamente explorado.
 
O que nos diferenciou foi a maneira como abordamos essa questão. O nosso foco não se limitou apenas à reciclagem de resíduos têxteis, mas sim na criação de novos produtos de moda a partir de resíduos, alinhados com os princípios da economia circular e projetados para o mais alto segmento da cadeia de valor têxtil.
 
 
2.3 Quais foram os principais desafios com que se depararam no desenvolvimento do projeto?
 
Um dos principais desafios que enfrentamos desde o início foi trabalhar com resíduos têxteis multicoloridos, o que exigiu um processo de classificação meticuloso. Foi necessário identificar e excluir materiais que contivessem elastano ou filamentos contínuos para poderem ser tratados de forma diferente, pois esses elementos eram críticos no processo de fiação após a reciclagem. Essa fase inicial de triagem e seleção foi fundamental para garantir a qualidade dos materiais reciclados. À medida que avançamos, começamos a explorar novas estruturas e técnicas de coloração até chegarmos a uma fase de industrialização. Foi um processo passo a passo, que envolveu muita pesquisa, experimentação e inovação.
 
 
2.4 De entre os resultados alcançados, há algum que gostariam de destacar?
 
Primeiramente, gostaria de mencionar que este projeto marcou o início de um ciclo contínuo de desenvolvimento de produtos sustentáveis na Riopele, resultando que chegássemos a 2022 com 76% dos nossos produtos comercializados inseridos em categorias de sustentabilidade. Isso inclui tecidos feitos de poliéster reciclado, tecidos da marca Tenowa e tecidos produzidos em processos amigos do ambiente. Até 2027, ano do centenário da Riopele, o nosso objetivo é que 80% dos produtos da Riopele terão uma base sustentável. Além disso, este projeto recebeu o Prémio Produto Inovação COTEC e o iTechStyle Awards 2018, na categoria Sustainable Product, demonstrando o reconhecimento externo da inovação e sustentabilidade que alcançamos através do projeto R4Textiles.
 
3. Nota biográfica
 
Natural de Vila do Conde, Albertina Reis é licenciada em Engenharia Têxtil pela Universidade do Minho. Integrou os quadros da Riopele – Têxteis, SA em 1988 e, ao longo dos anos, foi assumindo diversas responsabilidades, nas quais se destacaram a de Responsável de Engenharia de Produto e Processo e Qualidade e a de Responsável do Laboratório de Fios e Ramas. Desde 2013, é Diretora de Investigação & Desenvolvimento da Riopele – Têxteis, SA. Além da participação em diferentes feiras internacionais de moda e tecnologia, Albertina Reis tem vindo a realizar formações noutros quadrantes, destacando-se a área de gestão e da inovação.
 
 
4. Apoio do COMPETE 2020
 
Promovido pela Riopele, o projeto R4Textiles é cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à I&DT e envolve um investimento elegível de cerca de 978 mil euros, a que corresponde um incentivo FEDER de 602 mil euros.
 
 
5. Links

Saiba mais sobre o projeto na notícia R4Textiles: Riopele aposta na sustentabilidade ambiental 

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14/09/2023 , Por Cátia Silva Pinto
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