BacchusTech: Um novo processo de filtrar o vinho

Desenvolvido pela Campelo, o projeto BacchusTech criou um processo que inclui a extração, purificação e concentração de compostos bioativos presentes em resíduos de vinificação, comenta Óscar Lima, Director de Operações da empresa. Em declarações ao COMPETE 2020, faz um ponto de situação do projeto e dos resultados esperados.

BaccusTech: Integrated Approach for the Valorisation of Winemaking Residues

1.O projeto

1. 1 Síntese

O projeto BacchusTech, liderado pelas Caves Campelo S.A., tem como objetivo o desenvolvimento de um processo inovador que inclui a extração, purificação e concentração de compostos bioativos presentes nos resíduos da vinificação. De facto, é bem conhecido que esses resíduos são ricos em diferentes tipos de compostos bioativos, como por exemplo flavonoides ou antocianinas. O projeto BacchusTech ambiciona demonstrar que o processamento desses resíduos permite gerar de forma eficiente e integrada diferentes produtos com valor acrescentado para aplicação nas indústrias farmacêutica, alimentar, cosmética ou na construção civil. Os ganhos da empresa em termos de sustentabilidade ambiental, em consequência na implementação das tecnologias previstas no projeto, serão avaliados através de uma abordagem baseada numa análise de ciclo de vida.

1.2 Ponto de situação 

Óscar Lima | Diretor de operações da empresa
 

Nos primeiros seis meses do projeto foram utilizados resíduos da vinificação do ano de 2020, nomeadamente bagaços, cangalhos e terras diatomáceas da produção de vinhos brancos e tintos para a extração, purificação e concentração dos compostos bioativos aí presentes e a transformação das terras diatomáceas em geopolímeros (aplicações em ambiente/construção civil). Os resultados obtidos confirmam a viabilidade na utilização eficiente dos resíduos da vinificação como fonte de compostos bioativos e na obtenção de produtos de valor acrescentado. Foram desenvolvidos novos adsorventes para purificação de polifenóis e antocianinas tendo os resultados sido publicados em congressos e revistas internacionais da especialidade. O plano de trabalhos do projeto está atualmente expandido para a exploração dos resíduos da vinificação do ano de 2021 estando também em execução a montagem do protótipo para industrialização da tecnologia baseada em adsorventes molecularmente impressos.

1.2 Objetivos

O projecto BacchusTech ambiciona contribuir para a bioeconomia circular adicionando valor aos resíduos da vinificação, tendo como objetivos específicos: - A caracterização química e avaliação das propriedades bioativas dos resíduos da vinificação bem como das frações purificadas através da nova tecnologia baseada em Polímeros Molecularmente Impressos (MIPs) a ser considerada. Será também avaliada a aplicação dos produtos bioativos purificados em produtos comerciais das áreas cosmética a alimentar. - O projeto, síntese e caracterização de novos adsorventes molecularmente impressos com especificidade relativamente a compostos bioativos alvo dos resíduos da vinificação. - A montagem, controlo e otimização de um protótipo processual para a purificação e concentração de compostos bioativos presentes nos resíduos da vinificação. Será assim demonstrada a viabilidade industrial da abordagem proposta. - A valorização das terras diatomáceas utilizadas no processo de vinificação através da sua transformação em geopolímeros com aplicação na área ambiental. - A valorização das terras diatomáceas utilizadas no processo de vinificação através da sua transformação em geopolímeros com aplicação na área da construção civil. - A avaliação da sustentabilidade ambiental de processos de vinificação através de uma abordagem baseada numa análise de ciclo de vida.

1.3 Consórcio 

O consorcio do projeto BacchusTech inclui as empresas Caves Campelo S.A. (líder do projeto), Cosmetek (cosméticos), Beppo (alimentar), Pavimir (construção civil), os Institutos Politécnicos de Bragança e de Viseu, os parceiros internacionais da HanzeUniversityofAppliedSciences (Países Baixos) e UniversityCollegeCopenhagen (Dinamarca), os centros de investigação CIMO (Centro de Investigação de Montanha), CEDRI (Centro de Investigação em Digitalização e Robótica Inteligentes), CERNAS (Centro de Investigação para Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade) e o centro internacional de tecnologia e desenvolvimento Tecnalia. A equipa de investigação do projeto BacchusTech inclui diretamente dezoito membros (nacionais /internacionais) com colaboração de um Conselho de Acompanhamento constituído por três investigadores internacionais.

1.4 Apoio do COMPETE 2020

O projeto contou com o apoio do COMPETE 2020, no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, na vertente em copromoção, envolvendo um investimento elegível de cerca de 954 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 685 mil euros.

 

2. Sobre a Empresa

A Campelo é uma das empresas mais antigas e com mais tradição da região dos Vinhos Verdes. Foi fundada oficialmente em 1951 mas tem na realidade quase um século de existência, com registos que datam de 1923. É uma empresa familiar que associa a sua paixão pelo vinho ao seu dinamismo para elevar os seus produtos a nível nacional e internacional. Esta ascensão só foi possível através da aliança criada entre as técnicas tradicionais e a mais moderna tecnologia, o que permitiu um aumento da sua produtividade e da qualidade dos seus produtos, sem nunca perder a ligação às raízes. 

Actualmente o grupo Campelo está presente em três sub-regiões da Região do Vinho Verde e para além destas também fazem parte do portfólio vinhos de outras denominações de origem, como vinhos do Tejo, Dão, Douro e Porto, assim como bebidas espirituosas e vinhos de mesa. A grande capacidade de produção, a variedade e a vontade de enfrentar novos desafios reflectem o dinamismo, o entusiasmo e a versatilidade do grupo Campelo. 

A produção de vinho é uma das atividades agrícolas mais antigas e de maior importância à escala planetária. Estima-se que em 2018 cerca de 28 biliões de litros de vinho tenham sido produzidos em todo o mundo. Em termos de volume de produção, Portugal ocupa a quinta posição na União Europeia e a décima primeira posição em termos mundiais. A empresa Caves Campelo S.A, fundada em 1951, produziu 6 milhões de litros de vinho em 2019, tendo 18.4% sido exportados para diversos países em todo o mundo. 

 

3. Páginas de divulgação

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08/10/2021 , Por Cátia Silva Pinto
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