DESARMAR: Drone Equipado com SAR passivo para aplicações MARítimas

Enquadramento

Há muito que as regiões marítimas têm vindo a ser geradoras de crescimento económico, quer através da exploração dos seus recursos naturais (biológicos e minerais), quer através das atividades que decorrem neste meio (por exemplo, investigação, transporte de pessoas e mercadorias, etc.). Atualmente verifica-se um aumento do aproveitamento do mar e das zonas costeiras, potenciado não só pelas indústrias tradicionais mas também por atividades emergentes.

Este aumento de atividade é particularmente notório no caso de Portugal: apesar de confinado à periferia ocidental da Europa, da sua escassez em recursos naturais terrestres e dimensão geográfica relativamente reduzida, quando considerada a sua dimensão marítima (que constitui 97% da sua área total), Portugal é um país imenso e um dos grandes países marítimos do mundo, com um acrescido potencial geoestratégico, geopolítico e económico, promovendo assim grandes desafios, mas também oportunidades sem precedentes.

Dado este aumento das atividades marítimas é necessário garantir a vigilância e controlo destes espaços, em particular das zonas costeiras, nomeadamente através da aplicação de novas tecnologias a sistemas de identificação de eventos de risco e ameaças de origem humana ou natural (incluindo nos casos de calamidade ou catástrofe natural), de forma a mitigar os seus impactos quer de um ponto de vista económico, quer social e ambiental.

O Projeto

O projeto DESARMAR é liderado pela TEKEVER Communication Systems e junta três centros de I&D de renome: a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), o Centro de Investigação Naval (CINAV) e o INESC TEC.

Motivado pela necessidade de reforçar a capacidade de monitorização do espaço marítimo, cada vez mais presente nos países costeiros, e pelo potencial de desenvolvimentos tecnológicos recentes, o projeto DESARMAR propõe o desenvolvimento de um Radar de Abertura Sintética (em inglês, Synthetic Aperture Radar ou SAR) passivo baseado em Rádio Definido por Software ou rádio cognitiva (em inglês, Software-Defined Radio ou SDR) de baixo peso, volume, consumo e custo de modo a ter a capacidade de ser embarcado numa aeronave não tripulada (Drone) para vigilância costeira, e a sua demonstração em ambiente operacional, de forma a avaliar o seu desempenho na identificação e seguimento de navios junto à zona costeira.

O consórcio do projeto visa desenvolver uma solução modular e multiplataforma simultaneamente de baixo custo (comparativamente às soluções atuais para proteção costeira) e suficientemente robusta e polivalente para uma maior rentabilidade do investimento, podendo então ser facilmente adaptada no futuro a outras aplicações de vigilância e proteção costeira como o controlo de fronteiras e de alfândegas, da pesca e da poluição marítima de navios e portos, à prevenção e supressão de atividades ilícitas e à segurança da navegação e salvaguarda da vida humana e de bens, de modo a complementar os atuais sistemas de vigilância, monitorização e controlo através de partilha de informação para assegurar uma resposta eficaz.

O DESARMAR permitirá assim alavancar a capacidade científica e tecnológica nacional, estimulando o desenvolvimento de tecnologias inovadoras que permitam aumentar a funcionalidade e simultaneamente reduzir o custo face às soluções de vigilância costeira presentemente disponíveis, bem como o desenvolvimento de novas atividades aplicadas à exploração, monitorização e proteção da zona costeira e marítima, promovendo ainda os seus recursos, usos e atividades de forma eficaz, eficiente e sustentável. O projeto contribuirá também para a confirmação do estatuto de Portugal enquanto nação marítima e como parte incontornável da Política Marítima Integrada (PMI) e da estratégia marítima da UE, nomeadamente para a zona atlântica.

Em declarações ao COMPETE 2020, Vitor Cristina, CTO da TEKEVER, destaca a importância dos fundos europeus:

 O Compete2020 no DESARMAR é fundamental pois possibilita que entidades copromotoras, académica e industrial, estudem e desenvolvam um Radar de Abertura Sintética passiva, pondo Portugal na linha da frente da inovação nesta área.

O Apoio do COMPETE 2020

O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 771 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de 447 mil euros.

08/11/2019 , Por Miguel Freitas
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