uTEQ - Valorização da tecnologia de determinação de microplásticos em água engarrafada

 

Testemunho de João Gonçalo Lourenço, Coordenador Geral da AEMITEQ:               

Clarisse Araújo – Gestora da Qualidade e João Gonçalo Lourenço – Coordenador Geral da AEMITEQ

 

Enquadramento

O Projeto µTEQ teve por base a necessidade de compreensão da presença de microplásticos, uma vez que são uma preocupação global crescente, em elementos que nos são tão próximos como é o caso da água de consumo. A presença generalizada destes materiais (pequenas partículas de plástico inferiores a 5 mm) no ambiente ganhou uma atenção considerável nos últimos anos, tendo os reguladores, pesquisadores e fabricantes procurado entender suas fontes e vias de forma a avaliar o seu impacto nos ecossistemas e na saúde humana, e desenvolver meios eficazes para resolver o problema. Uma enorme variedade de produtos, que variam desde fibras sintéticas simples em roupas a microesferas de plástico em produtos de consumo tem, ao longo do tempo, deixado resíduos no meio ambiente, especialmente no meio aquático. Contudo, estudos recentes revelaram um problema muito mais abrangente daquilo que se esperava inicialmente.

Estudos acerca desta temática, revelaram que cerca 83% das amostras de água da torneira testadas estavam contaminadas com fibras plásticas, das quais os EUA tinham a maior taxa de contaminação com 94% e a Europa a mais baixa com 72%. Além disso, outros estudos que envolviam pesquisas em águas engarrafadas, evidenciavam contaminações com estas partículas, que tinham origem no do processo de embalagem e engarrafamento.

O Projeto

Assim, este projeto deu os primeiros passos para se ter entendimento acerca das metodologias de determinação de microplásticos e que paralelamente pudessem garantir a validação, qualificação e, mais tarde, quantificação dos microplásticos em águas engarrafadas, enquanto passo determinante para o seu posterior tratamento, remoção ou mitigação. No setor empresarial existem ainda muitas questões em aberto, lacunas no conhecimento e incertezas e, sobretudo, constata-se a inexistência de mecanismos de investigação e análise científica que permitam responder eficazmente a esta problemática, principalmente por parte das PME com maiores constrangimentos em termos de infraestruturas laboratoriais, pessoal devidamente capacitado e outros recursos necessários à produção de conhecimento científico e tecnológico.

Mapeamento

Outra questão não menos relevante seria a possibilidade de avaliar a tipologia de substâncias desconhecidas que eventualmente pudessem eluir dos materiais que embalam a água, desde a garrafa à tampa, e assim tirar conclusões acerca dos materiais e matérias-primas utilizados.

Assim, o Projeto µTEQ iniciou estudos de workflow analítico para determinação e posterior quantificação de microplásticos em matrizes aquosas. No quadro da eminência de nova legislação comunitária, considerando o impacto dos microplástico na saúde humana e no ambiente, este conhecimento apresenta uma importância económica crescente para o setor das águas engarrafadas e para outras indústrias da cadeia de abastecimento alimentar, no que refere à melhoria da salubridade das linhas produtivas, como também no que refere à melhoria da produção das matérias-primas e produtos finais de embalamento.

    Histograma

As tecnologias definidas para este estudo estão assentes numa plataforma multidisciplinar, onde metodologias como Microscopia-FITR, utilizada para o mapeamento da quantidade de microplásticos, e a tecnologia de uHPLC-HRMSMS, que permite a determinação inequívoca de compostos por separação e identificação de massas, permitiu complementar a informação do que foi previamente identificado, além de se ter acesso aos compostos desconhecidos/não expectáveis que integrantes da matriz de análise.

Análise de partículas

O sucesso do Projeto µTEQ é evidente, uma vez que foi iniciado um caminho para perceber o panorama das águas engarrafadas nacionais e perceber também quais as metodologias a adotar para uma mais fina determinação dos compostos em análise, para assim se proceder com os atores à mitigação do problema, melhorando linhas de produção, afinar controlos analíticos e controlar escrupulosamente as matérias-primas, com vista à sua competitividade.

  Análise de Partículas (partícula 453)

Desde o período de arranque do projeto, a quantidade de informação que se gerou é tal que estão em curso trabalhos para publicação de artigos e orientações para um estudo alargado com os atores do setor que terá por base a informação produzida nesta área de conhecimento.

Quanto ao financiamento do COMPETE 2020, a realçar que permitiu o bom desenrolar dos trabalhos e cumprimento dos objetivos do projeto no seu período de execução, apoiando trabalhos em técnicas de ponta, gerando enorme avanço nesta área de conhecimento.

   Identificação de partícula

                                                                 

O Apoio do COMPETE 2020

O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio a Ações Coletivas (Transferência de Conhecimento Científico e Tecnológico), envolvendo um investimento elegível de 267 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 227 mil euros.

29/06/2023 , Por Miguel Freitas
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