FlexiRecover: Uma aposta na economia circular que promove o reaproveitamento de resíduos e subprodutos

A valorização de desperdícios de espumas flexíveis de poliuretano por conversão em polióis é o principal objetivo do projeto FlexiRecover, cofinanciado pelo COMPETE 2020 e promovido pela SAPEC Química em parceria com a Flexipol e a Universidade de Aveiro (CICECO).
 
 
1. Síntese
 
Não é novidade que a produção industrial gera resíduos e subprodutos que, muitas vezes, acabam por poluir o meio ambiente. Mas, e se souber que uma empresa portuguesa encontrou uma forma inovadora de valorizar esses resíduos?
 
A SAPEC Química, em parceria com a Flexipol e a Universidade de Aveiro, desenvolveu um projeto cofinanciado pelo COMPETE 2020 que teve como objetivo máximo a valorização dos resíduos e subprodutos gerados na produção de espumas flexíveis de poliuretano.
 
Esta iniciativa prometeu revolucionar a indústria, ao contribuir para uma produção mais sustentável e amiga do ambiente. 
 
O objetivo deste projeto era o desenvolvimento de um processo de produção de polióis a partir de resíduos e subprodutos de espumas de poliuretano, com qualidade e capacidade de poderem ser reintroduzidos na cadeia produtiva dos fabricantes de espumas de poliuretano (espumas ou PUF).
 
Vídeo de Rui Silva, da Sapec Química sobre o projeto FlexiRecover https://youtu.be/oGVwl_NaPMY
 
Após anos de trabalho e dedicação, o projeto chegou ao seu fim. Durante todo o processo, a equipe responsável trabalhou para alcançar os resultados esperados. E, com grande satisfação, pode-se afirmar que o objetivo foi atingido.
 
Recordemos as declarações de Rui Silva, então responsável do projeto, em 2018 para a newsletter semanal do COMPETE 2020:
 
“Este projeto na área da economia circular, também tem como objetivo aumentar a sustentabilidade das empresas através da diminuição da importação de matérias-primas, equilibrando a balança comercial e criar uma alternativa de escoamento dos subprodutos com valor acrescentado, reduzindo o risco inerente ao negócio”, refere Rui Silva, Diretor de I&D na Sapec Química em declarações ao COMPETE 2020. “Por outro lado, o projeto representa um grande investimento das empresas em inovação tecnológica e conhecimento”, acrescenta.
Foi desenvolvido um processo de produção de polióis a partir de resíduos e subprodutos de espumas flexíveis de poliuretano (PU), com qualidade para poderem ser reincorporados na produção de novas espumas, com uma percentagem de 10-20% do total de poliol virgem utilizado e cujos setores de aplicação são os fabricantes de espumas flexíveis de PU. 
 
Com as taxas de incorporação conseguidas, não existem perdas significativas das propriedades físicas e químicas ao nível de: 
  • Resiliência 
  • Compression-set húmido e seco 
  • Dureza 
  • Emissões 
  • Rasgamento, alongamento e tração 
  • Permeabilidade ao ar

Conclui-se, portanto, que o projeto foi um sucesso. Todos os objetivos traçados foram alcançados, e os resultados superam as expectativas iniciais. A equipe envolvida merece reconhecimento pelo esforço e empenho demonstrados em cada etapa.

Certamente, este projeto irá agregar valor e contribuir positivamente para a área em que atua. O sucesso alcançado, além de representar uma vitória para a equipe, também reflete uma importante conquista para a sociedade que beneficiará com os resultados obtidos.

 

2. Apoio do COMPETE 2020
 
O projeto FlexiRecover é cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, na vertente em co-promoção, envolvendo um investimento elegível de 1.3 milhões de euros, o que resultou num incentivo FEDER de 820 mil euros.
 
Em 2018, o responsável pelo projecto, enalteceu a importância do apoio deste Programa.
“Na condução de tarefas nucleares como os ensaios de produção de poliol e espuma de PU, os custos associados podem ser baixos à escala laboratorial de baixa pressão, mas sobem várias ordens de grandeza à medida que se avança para os ensaios de alta pressão, desde a escala de bancada, passando pela escala piloto, até à escala industrial. Se, por um lado, o cariz iterativo dos ensaios implica um número muito elevado de testes, por outro lado, o volume de matérias-primas envolvido num ensaio industrial torna cada partida num investimento per se.
 
Há também despesas associadas a análises como o teor de compostos orgânicos voláteis (COV) que são essenciais para o cumprimento das normas de qualidade internacionais que regem este setor. Uma vez mais, o custo das mesmas repetido ao longo do projeto torna-se muito pesado.   Por fim, a comparticipação no pagamento dos recursos humanos envolvidos é também uma mais-valia do projeto. O acesso das empresas a mão-de-obra altamente especializada, como os quadros doutorados do CICECO, a disponibilidade de bolseiros de investigação com dedicação total ao projeto ou o envolvimento regular e sistemático dos seus técnicos, proporciona um desenvolvimento assente na transversalidade de competências, mais eficaz e mais eficiente.  
 
Assim, dadas as características deste tipo de indústria/processos, quer pela alavancagem de meios, quer pela capacidade de resposta proporcionada, o apoio da entidade financiadora é fundamental para o sucesso do projecto”.
 
3. Links
 

23/06/2023 , Por Cátia Silva Pinto
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