Análise de alimentos através de língua eletrónica

Enquadramento

Como consequência das crises alimentares a atenção do consumidor está direcionada para a melhoria da qualidade, a segurança e a autenticidade dos alimentos. Tornou-se necessário identificar os alimentos, avaliar a sua qualidade e detetar contaminantes de forma rápida e confiável.

Foi com base nestas constatações que a Universidade de Aveiro (UA), desenvolveu uma língua eletrónica para analisar a qualidade dos alimentos.

 

Apoio

O projeto coordenado por Alisa Rudnitskaya, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA foi apoiado pelo FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional), no âmbito do COMPETE - Programa Operacional Factores de Competitividade e por fundos nacionais, através da FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia com um investimento elegível de 115 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de aproximadamente 98 mil euros.

 

Projeto

Desenvolvimento de uma língua eletrónica (LE) que permite analisar a qualidade dos alimentos líquidos. O dispositivo, semelhante a uma língua humana, tem vários sensores, feitos por membranas de diferentes composições (vidro, cristais, policristais ou polímeros orgânicos), que substituem as papilas gustativas.

Funcionamento

Quando o sensor é colocado em contacto com o alimento, previamente liquefeito, responde à presença ou não das substâncias que se querem detetar, enviando um sinal eletrónico para um voltímetro digital. Desta estrutura é encaminhada uma mensagem digital para um normal computador que descodifica, mede, trata e guarda os dados recebidos dos sensores.

O mecanismo de funcionamento da invenção permite que, em cinco ou dez minutos, compostos orgânicos e inorgânicos, como os metais de transição, possam, a baixo custo, ser detetados nos alimentos sem recurso a laboratórios e técnicos especializados. A análise serve para detetar rapidamente se estes compostos ultrapassam ou não os níveis tolerados pelo organismo humano.

 

Objetivo

O objetivo deste projeto foi a evolução de um protótipo de laboratório de uma LE para um instrumento de análise de rotina. A LE é composta por um conjunto de sensores químicos de sensibilidade cruzada, um dispositivo de medição e ferramentas de tratamento de dados.

A LE partilha das vantagens dos sensores químicos, tais como baixo custo, medições rápidas, a possibilidade de uma fácil automatização da análise e instrumentação relativamente simples. Além disso, o conjunto de sensores na LE permite ampliar a gama de aplicações dos mesmos, compensando a insuficiente seletividade de cada um deles isoladamente e ampliando a capacidade a outros tipos de análise, tais como a classificação e o reconhecimento. Vários protótipos de laboratório da LE foram desenvolvidos e testados para uma ampla gama de aplicações a maioria das quais esta relacionada com a análise dos alimentos.

Foi efetuado um rastreio de aplicações da LE relevantes na prática para conjuntos de amostras industriais.

As tarefas realizadas no decurso de projecto foram:

  • deteção de metais pesados em vinho,
  • deteção quantitativa de adstringência m vinho,
  • deteção de parâmetros principais e características de sabor em café.

 

Utilização

A língua pode ser utilizada, por exemplo, em laboratórios de investigação em departamentos de produção, no caso de os alimentos serem comercializados. Pode ainda ser aplicada na análise de alimentos líquidos como as águas naturais e residuais.

A nova tecnologia “pode também efetuar uma análise quantitativa, isto é, determinar concentrações de compostos, classificar amostras consoante a sua qualidade, origem, idade (no caso dos vinhos), tratamento aplicado, etc., e também avaliar características de sabor”.

 

Testemunho

Este projeto só foi possível com o apoio do COMPETE, possibilitando a desenvolvimento de aplicações da língua eletrónica para a análise dos alimentos. Os resultados de projeto podem ter aplicação na indústria alimentar nomeadamente no controlo de qualidade.

01/06/2015 , Por Célia Pinto