“Contribuir para uma maior consciência ambiental e um planeta mais sustentável e resiliente”

A propósito do Dia Internacional da Mulher, conversamos com mulheres a liderar a luta contra a COVID-19, algumas responsáveis por projetos cofinanciados pelo COMPETE 2020 como é o caso de Marta Carvalho no âmbito do projeto COVIDETECT. Desenvolvido pela Direção de Engenharia e Operaçao da AdP Valor, este projeto irá analisar as águas residuais à entrada e à saída de estações de tratamentos de águas de centros urbanos.
 
Marta Carvalho | Direção de Engenharia da AdP 
 
1. Entrevista
 
1.1. O que a atraiu para o mundo da Engenharia?
 
Tomei a decisão de seguir engenharia do ambiente durante a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento – Cimeira da Terra, que decorreu no Rio de Janeiro em Junho de 1992. Na altura encontrava-me de férias e assisti ao evento na televisão. Confrontada com a urgência de progredirmos para um desenvolvimento sustentável, fui impelida a dar um contributo. 
 
1.2. Qual foi o momento mais emocionante no seu trajeto profissional?
 
Existiram vários momentos que me marcaram. Um deles foi participar na equipa que desenvolveu o plano estratégico de adaptação às alterações climáticas da AdP. Reconhecer o impacto acelerado que os eventos extremos estão a ter nas atividades de abastecimento e saneamento e identificar formas de contribuir para um futuro mais resiliente é desafiante mas ao mesmo tempo dá-nos muita motivação para continuar. 
 
1.3. E gerir num contexto de pandemia mundial causada pelo novo coronavírus COVID-19... qual o segredo?
 
Na minha opinião, o segredo está na extraordinária capacidade de adaptação que o ser humano tem. Este último ano é prova disso mesmo. 
 
O evoluir da tecnologia tem simplificado o processo de comunicação à distância, o que constitui um enorme facilitador para a gestão de projetos. 
 
Assim, um dos principais desafios está em manter relações de confiança neste contexto à distância. É necessário estar atento, saber escutar e reforçar o contacto para compensar o distanciamento físico. 
 
1.4. Que projetos têm em cima da mesa?
 
Durante o ano de 2020 estivemos envolvidos num conjunto de atividades estratégicas de suporte ao Grupo e ao setor em Portugal destacando-se a elaboração de uma proposta de Estratégia de Inovação para o Grupo para o biénio 2021-2022.
 
Em termos de investigação e desenvolvimento, procurámos reforçar o portefólio de projetos em que participamos, no sentido de responder aos desafios e necessidades do Grupo e do setor, cumprindo com os compromissos já assumidos, reforçando e alargando parcerias e identificando novas oportunidades de financiamento. 
 
Ao todo, em 2020 participámos em 12 candidaturas a projetos de I&D, tendo visto aprovados 4 novos projetos para além dos 4 que tínhamos em curso desde 2019. A empresa fechou o ano com um portefólio total de 8 projetos, com financiamento atribuído por diferentes instrumentos nacionais e comunitários. 
 
A título de exemplo, e pela sua pertinência no contexto atual, destaco os dois projetos financiados pelo COMPETE 2020 ao abrigo do Aviso AAC 15/SI/2020:
 
> o COVIDetect, que teve início em Abril de 2020, em plena primeira fase de pandemia, que tem como objetivo criar um sistema de alerta precoce da presença do vírus SARS-CoV-2, agente etiológico da COVID-19, através da análise de águas residuais, contribuindo para melhorar a resposta face a novos surtos da doença;
> e o SARS Control que teve início em Dezembro de 2020 e que visa compreender o comportamento do vírus SARS-CoV-2 ao longo da cadeia de tratamento de águas residuais urbanas (fase líquida e fase sólida), avaliar em que medida as ETAR constituem barreiras eficazes à viabilidade e disseminação do vírus, e avaliar os impactos, diretos e indiretos, na saúde pública e na saúde dos ecossistemas, dos fluxos gerados nas ETAR, num contexto de economia circular.  
 
1.5. A sua experiência com os Fundos da União Europeia… fizeram a diferença?
 
As atividades de inovação têm de lidar com níveis elevados de incerteza. Logo acarretam riscos elevados que nem sempre as organizações querem ou podem correr. Mecanismos de financiamento, como os Fundos da União Europeia, permitem reduzir o risco associado e, consequentemente, acelerar os projetos de inovação, particularmente nas primeiras fases exploratórias, em que o conhecimento é reduzido e a incerteza é muito elevada. 
No caso particular da AdP, estou certa que muitos dos projetos que estamos a desenvolver não seriam possíveis, caso não tivessem apoios financeiros externos. 
 
 
2. Breve nota biográfica
 
O meu nome é Marta e sou mãe orgulhosa de 2 adolescentes. Licenciei-me em Engenharia do Ambiente e tirei o mestrado em Hidráulica e Recursos Hídricos, no Instituto Superior Técnico. Em 2010, especializei-me em gestão de projetos e, mais recentemente, em negociação pela Universidade Católica de Lisboa.
 
Ao longo dos últimos 20 anos tenho trabalhado em empresas na área do ambiente, a maioria dos quais no Grupo Águas de Portugal, colaborando ou liderando projetos no ciclo urbano da água, alterações climáticas, economia circular, gestão de resíduos, eficiência energética e energias renováveis. Este contexto diversificado, associado ao facto de ser uma impulsionadora de cultura de pensamento “fora da caixa” levaram a que em 2018 assumisse funções de coordenação da área de inovação corporativa do Grupo Águas de Portugal.
 
Sou uma pessoa movida pelo propósito e o que dá sentido ao meu trabalho é contribuir para uma maior consciência ambiental e um planeta mais sustentável e resiliente.
 
 
3. Links
 
AdP - Águas de Portugal | Website 

08/03/2021 , Por Cátia Silva Pinto
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